Microplásticos triplicaram no fundo do mar em 20 anos
A quantidade de microplásticos que chega ao fundo dos oceanos triplicou nas últimas duas décadas, refletindo os hábitos de consumo da sociedade. É o que conclui um estudo realizado pelo Instituto de Ciência e Tecnologia Ambiental da Universidade Autônoma de Barcelona (ICTA-UAB) e o Departamento do Ambiente Construído da Universidade de Aalborg (AAU-BUILD) da Dinamarca.
A bordo de uma embarcação oceanográfica, em novembro de 2019, a equipe analisou a contaminação microplástica ao longo da costa do delta do Ebro, em Tarragona, na Espanha. Foram examinados cinco núcleos de sedimentos e constatados que os depósitos permaneceram inalterados no fundo do mar desde que foram depositados décadas atrás.
De acordo com os pesquisadores, o que foi encontrado no fundo do mar reproduz a produção global de plástico de 1965 a 2016. “Os resultados mostram que, desde o ano 2000, a quantidade de partículas de plástico depositadas no fundo do mar multiplicou por três”, diz a pesquisadora Dra. Laura Simon-Sánchez do ICTA- UAB.
Já o pesquisador Michael Grelaud, também da ICTA- UAB, ressalta o crescimento do acúmulo de partículas de polietileno e polipropileno (provenientes de recipientes, garrafas e películas alimentares) assim como de poliéster de fibras sintéticas em tecidos de roupas “desde a década de 1980, mas especialmente nas últimas duas décadas”.
A quantidade desses três tipos de partículas chega a 1,5 mg por quilo de sedimento coletado, sendo o polipropileno o mais abundante, seguido do polietileno e do poliéster.
Outro ponto de destaque do estudo refere-se ao estado de degradação dos minúsculos pedaços de plástico, que, uma vez no fundo do mar, não se degradam mais, seja por falta de erosão, oxigênio ou luz. “O processo de fragmentação ocorre principalmente nos sedimentos da praia, na superfície do mar ou na coluna de água. Uma vez depositados, a degradação é mínima, então os plásticos da década de 1960 permanecem no fundo do mar, deixando ali a marca da poluição humana”, afirma Patrizia Ziveri, do ICTA-UAB.
As descobertas foram publicadas na revista Environmental Science and Technology.
Por Ciclovivo