Narval, o verdadeiro e misterioso unicórnio dos mares
O narval é um mamífero que consegue mergulhar a mais de 1500 metros. A sua natureza reclusa e o facto de morar nos mares gelados do ártico torna-o quase uma criatura mítica.
Esta espécie é conhecida pela sua presa que se assemelha a um chifre de unicórnio, sendo um parente da beluga. O seu nome cientifico é Monodon monoceros, que significa “um dente, um chifre” em latim.
Pertencente à família da baleia beluga, do grupo Odontoceti, é uma das únicas duas espécies vivas dentro da família Monodontidae.
Ambas as espécies de baleias passam a vida inteira no oceano Ártico, são semelhantes em tamanho e comportamento e, em raras ocasiões, podem cruzar-se.
Os narvais machos adultos podem chegar aos 4,6 metros de comprimento e pesar mais de 1500 quilogramas. A sua presa cresce até 3 metros para fora da boca – na prática esta presa é um dente longo e reto.
Embora os narvais sejam considerados baleias com dentes, a sua boca não contém nenhum dente funcional.
As fêmeas são muito menores que os machos, chegando a ter cerca de 4 metros de comprimento e pesando cerca de 900 quilogramas. Os cientistas consideram a presa uma característica do sexo masculino, mas cerca de 15% das fêmeas narvais também apresentam uma presa.
Um estudo de 2014 publicado na revista The Anatomical Record descobriu que a misteriosa presa do narval está cheia de terminações nervosas sensíveis que permitem que a baleia detecte mudanças no ambiente, como flutuações de temperatura e salinidade. Estas descobertas sugerem que a presa também pode ser um órgão sensorial.
Quanto ao resto do corpo do narval, a sua cabeça é relativamente pequena e redonda em comparação com as de outros cetáceos. As barbatanas dos narvais também são curtas e redondas, e têm uma crista curta ao longo das costas no lugar de uma barbatana dorsal. A cauda também é convexa, em vez de concava, como acontece com outros cetáceos.
Os narvais vivem no Oceano Ártico e ao redor das costas do Canadá, Groenlândia, Noruega e Rússia, de acordo com o World Wildlife Fund (WWF). Eles podem ser encontrados nas áreas costeiras durante o verão e mais longe no mar durante o inverno.
Esta espécie pode mergulhar a mais de 1500 metros onde não há qualquer luz natural, e por lá ficar até 25 minutos.
Os narvais alimentam-se principalmente de linguado da Groenlândia, bacalhau polar, camarão, e ocasionalmente complementam a sua dieta com ovos de raia. Estas baleias incomuns comem mais durante o inverno do que no verão, o que permite que evitem a competição com a maioria das outras espécies de baleias árticas que comem mais durante o verão do que no inverno.
Os espécimes de narval vivem em grupos, geralmente grupos de três a oito membros, mas às vezes até cerca de 20 membros, de acordo com a MarineBio Conservation Society.
Os biólogos estimam que os narvais vivam entre 30 e 40 anos, de acordo com a NOAA, e é uma espécie que não está em perigo de extinção. a IUCN estima que existam mais de 120.000 indivíduos no Ártico.
Mas, semelhante a todos os outros animais selvagens do Ártico, os narvais provavelmente enfrentarão as alterações climáticas. As temperaturas altas recordes no Ártico fizeram com que o gelo marinho desaparecesse numa taxa alarmante, e isso significa que há mais espaço para navios e atividades humanas e menos lugares para a vida selvagem se esconder.
Na verdade, a pesquisa sugere que os narvais são os mamíferos marinhos mais vulneráveis ao aumento da atividade humana no Ártico, porque estas criaturas isoladas são altamente sensíveis à atividade dos navios.
Um estudo de 2017 publicado na revista Science descobriu que os narvais respondem ao stress com uma das respostas de medo mais extremas já registadas. A resposta fisiológica drástica do narval e o tempo gasto fora da homeostase podem ter efeitos negativos na sua saúde.
Os narvais são membros importantes da vida no Ártico. Eles estão entre as primeiras espécies que podem ser afetadas pelas alterações climáticas e a sua resposta poderia fornecer mais detalhes sobre mudanças maiores no planeta e no ecossistema, de acordo com a NOAA. Os narvais também são um recurso cultural e nutricional significativo para os inuits, que colhem as baleias com presas há centenas de anos. Nos últimos anos, os caçadores Inuit trabalharam em cooperação com cientistas para rastear e estudar os misteriosos unicórnios do mar.