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Novo gênero de planta é descoberto em afloramento rochoso da Mata Atlântica

Novo gênero de planta é descoberto em afloramento rochoso da Mata Atlântica
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Entre afloramentos rochosos da Serra do Padre Ângelo, em Conselheiro Pena (MG), pesquisadores brasileiros descobriram uma nova espécie de planta na Mata Atlântica. Ao realizarem análises molecures e comparações com outras espécies — em especial a “espécie-irmã” Cuphea santos-limae —, os cientistas notaram que estavam diante também da identificação de um novo gênero, o Gyrosphragma. A espécie recém-descoberta, então, foi batizada de Gyrosphragma latipetala e a antiga C. santos-limae, que, como concluíam os especialistas, também se encaixava melhor neste novo gênero, foi renomeada para Gyrosphragma santos-limae. As decobertas foram descritas em artigo publicado no dia 19 de março, no periódico científico Botanical Journal of the Linnean Society.

Percevejo andando livremente sobre as folhas e flores pegajosas de exemplar de Gyrosphragma santos-limae cultivado no jardim do INMA (Foto: Paulo Gonella)

Segundo o estudo, as espécies ocorrem em diferentes tipos de ecossistemas rupícolas ou rupestres, como são chamados os ambientes rochosos em serras que se avultam em meio a florestas como a Mata Atlântica. Enquanto a G. latipetala é típica de campos rupestres com afloramentos de rocha quartzítica, a G. santos-limae é vista em afloramentos de rocha granítica, apelidados de “pães-de-açúcar”.
Ambas apresentam flores e folhas com tricomas, uma espécie de “pelo” que ajuda as plantas a absorverem mais água e sais minerais e a se defenderem de predadores. Grudentos, eles prendem insetos que pousam na planta.

“Mas em exemplares de Gyrosphragma santos-limae existentes no INMA [Instituto Nacional da Mata Atlântica], nós pudemos observar que um percevejo consegue andar nesses pelos sem ficar preso e ainda se alimentar dos insetos que ficaram grudados”, explica o pesquisador Paulo Gonella, professor da Universidade Federal de São João del-Rei e supervisor do projeto “Biodiversidade, conservação e perspectivas ao estudo dos ecossistemas rupícolas da Mata Atlântica”, desenvolvido no INMA.

Beija-flor se alimentando do néctar nas flores de Gyrosphragma santos-limae no jardim do Instituto Nacional da Mata Atlântica (Foto: Paulo Gonella)

Além dos característicos tricomas, as espécies de Gyrosphragma também possuem típicas flores vermelhas e em forma de tubo, que são visitadas e, provavelmente, polinizadas por beija-flores da região, segundo o artigo.

 

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Apesar dos pesquisadores não terem conseguido captar imagens da polinização por esses pássaros em Minas Gerais, fotografias feitas no jardim do INMA, em Santa Teresa, região serrana do Espírito Santo, mostram beija-flores se alimentando de flores de G. santos-limae.

Gyrosphragma santos-limae no INMA com insetos (Foto: Paulo Gonella)

Mesmo que tenham acabado de ser descoberta, os cientistas alertam que as espécies já são consideradas ameaçadas de extinção. Isso por que são endêmicas e convivem com o risco de incêndios florestais, de mineração e ainda da competição com espécies exóticas introduzidas na Mata Atlântica. Por isso, os pesquisadores alertam para a necessidade de criar ações de conservação, como a demarcação de áreas protegidas e o monitoramento dessas populações de Gyrosphragma.

Fonte: Ambiente Brasil

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Trajano Xavier

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