O fascinante voo de beija-flores em câmera super lenta
Nem só de replays de lances esportivos vive a super câmera lenta. Ela é usada atualmente por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, para estudar a mecânica de funcionamento das asas do beija-flor (colibri). A Darpa (Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa, na sigla em inglês) dos EUA já construiu um robô-beija-flor-espião. No entanto, o objetivo agora é elaborar pequenos passarinhos desses ainda mais ágeis que os originais.
Os cientistas se muniram de câmeras de última geração também para acabar com uma certa falta de conhecimento: por mais que nós, seres humanos, compreendamos os conceitos básicos de como os pássaros voam, nós somos totalmente ignorantes quanto aos detalhes.
Por isso, o professor de engenharia mecânica David Lentink e seus alunos filmaram beija-flores e outros vertebrados com asas em até impressionantes 650 mil quadros por segundo (ou seja, 39 milhões de quadros a cada minuto de filmagem!) para se aprofundarem na mágica biomecânica da natureza, que em tanto supera essas desajeitadas engenhocas que os humanos constroem.
Essa não foi a primeira vez que vimos as asas de um beija-flor batendo bem devagar. O ineditismo aqui está no estudo de como as pequenas partes do membro trabalham juntas para resultar nessa fascinação que é o voo.
Por ora, a equipe de Lentink já conseguiu captar imagens em super câmera lenta das aves realizando um movimento de contorção com o corpo durante o voo que é 10 vezes mais rápido do que um cão se sacudindo depois de um banho. As aves se balançavam 55 vezes a cada segundo.
Não contente em ser o “motor” mais rápido do planeta, a espécie de beija-flor Calypte anna (nativa da costa ocidental da América do Norte) é também a que possui os mais rápidos movimentos de chacoalho. “É o movimento mais rápido de qualquer dos vertebrados no planeta”, diz Lentink.
Durante o cortejo à fêmea, os machos voam o equivalente a cerca de 400 vezes o comprimento de seu próprio corpo a cada segundo, o que os torna os vertebrados mais rápidos do mundo em relação ao tamanho do seu corpo. Os beija-flores usam essa velocidade para fazer as suas penas da cauda vibrarem como o interior de um instrumento de sopro e acabam produzindo ruídos muito mais altos do que aqueles externalizados pelo bico.
Lentink constrói robôs inspirados em comportamento animal, e acredita que os movimentos do beija-flor podem se acrescentar ao seu repertório. “Como um engenheiro, você sempre se inspira na natureza. Você vê as soluções e se você tiver as ferramentas para realmente resolvê-las, você pode ter ideias que transformam a forma como desenhamos e projetamos nossos robôs ou outros produtos”, conta Lentink.[New Scientist e Gizmondo]
Fonte: Hyperscience