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Orquídea extinta no Estado de São Paulo retorna à Mata Atlântica com reprodução em laboratório

Orquídea extinta no Estado de São Paulo retorna à Mata Atlântica com reprodução em laboratório
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Após meio século de ter sido declarada extinta no habitat das florestas atlânticas paulistas, a Octomeria estrellensis, voltou para a natureza. O trabalho de reintrodução faz parte de um programa de conservação do Legado das Águas, maior reserva de Mata Atlântica do país, que está reproduzindo espécies raras e ameaçadas de extinção para propagação no bioma. A redescoberta dessa espécie permitiu a reprodução de cerca de mil mudas, podendo, agora, dar a possibilidade de tirar o nome dessa orquídea da lista de espécies extintas e ser propagada para outras áreas de floresta.

O estágio avançado de conservação da floresta no Legado das Águas é uma das chaves para o sucesso do Programa de Conservação desenvolvido pela Reserva. Na área, já foi registrado um número significativo de animais e plantas raras ou em perigo de extinção. Dentre os projetos bem-sucedidos com a flora nativa, está o com as orquídeas, sendo a redescoberta da Octomeria estrellensis um marco para a pesquisa. Atualmente, após dois anos de trabalho com essa espécie, o Legado das Águas constitui o maior banco genético da Octomeria no mundo¹.

A pesquisa com essa espécie foi resultado da parceria do Legado das Águas com o biólogo Luciano Zandoná – responsável pela estruturação do programa de conservação de orquídeas na Reserva e autor da redescoberta da Octomeria estrellensis – e com o Orquidário Colibri, responsável pela reprodução in vitro. Em julho desse ano, após mais de três anos de estudo e período de reprodução, as mudas foram reintroduzidas nas trilhas da Reserva.

David Canassa, diretor da Reservas Votorantim, explica que, futuramente, as mudas serão destinadas para fomentar parcerias com parques e Unidades de Conservação para a propagação da Octomeria. “Desde a criação do Legado das Águas, em 2012, temos uma meta bem clara: fazer da conversação da Mata Atlântica um negócio, que gere valor para todos, a nós e para sociedade. Resultados como esse nos mostram que estamos no caminho certo. É um trabalho muito significativo para o bioma ao atuarmos com a reprodução para reintrodução, pois permite a disseminação da espécie, viabilizando a sua existência a longo prazo. Estudamos também a possibilidade de produção e comercialização de orquídeas da mata atlântica, o que gera uma nova cadeia produtiva inclusiva e desestimula a coleta ilegal na floresta”, diz.

Para reintrodução, as mudas serão cultivadas por mais cerca de 12 a 24 meses no orquidário do Legado das Águas. O processo é necessário para que as plantas se fortaleçam e consigam viver em outros ambientes.

A redescoberta

Em quatro anos de parceria no Legado das Águas, de 2015 a 2019, o biólogo Luciano Zandoná, resgatou 7 mil orquídeas e registrou 232 espécies na floresta da Reserva – 14 constam na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção. Uma delas foi a Octomeria estrellensis, foram 38 exemplares resgatados em 2017.

Do total, 14 foram incluídos no Orquidário do Legado das Águas para serem polinizados manualmente e darem frutos. As sementes geradas no processo foram enviadas para o Orquidário Colibri, onde foram cultivadas in vitro (reproduzidas em vidros com técnicas laboratoriais) e submetidas às demais etapas de reprodução que deram origem a mil mudas da espécie. “Esse é um importante marco para flora da Mata Atlântica. Estamos falando de uma enorme possibilidade de ter evitado a total extinção da espécie na natureza. A Octomeria estrellensis é uma micro-orquídea endêmica do Brasil, ocorrendo somente na Mata Atlântica, fator que aumenta a necessidade de ações de conservação da espécie. Esse resultado mostra, na prática, como o investimento em pesquisa científica retorna como negócios viáveis”, comemora Zandoná.

Os outros 24 exemplares da Octomeria foram realocados na trilha do Legado das Águas, e um foi herborizado segundo as técnicas convencionais e depositada no Herbário SP, do Instituto de Botânica de São Paulo.

¹O maior banco genético da espécie in situ e ex situ. Ao longo de quatro anos do projeto, foram localizados outros exemplares, isso faz do habitat um banco genético in situ. Já o ex situ, ou seja, no orquidário, foi graças a reprodução.

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 07/12/2021

Por Ecodebte

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Trajano Xavier

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