Pequenos seres da vida marinha são destaques em série do Projeto Coral Vivo
Arraial d’Ajuda (BA). Produzida pelo Projeto Coral Vivo, em parceria com Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (USP), a série “Amar o Mar” estreou na última quinta-feira (15), no Canal do YouTube do Projeto. A quarta temporada da série revela detalhes da biodiversidade marinha microscópica e leva o público a uma viagem para conhecer os pequenos seres que habitam os grãos de areia, as algas marinhas e as poças de marés que se formam nas praias.
Em sete episódios, a série, realizada com o patrocínio da Petrobras, mostra imagens impressionantes em altíssima resolução. “Nessa temporada o espectador vai mergulhar no universo das pequenezas, por meio da sensibilidade e harmonia das imagens, da trilha sonora original e, especialmente, no brilho dos olhos de personagens que transbordam cultura oceânica”, diz o pedagogo e professor de mergulho Fábio Negrão, diretor da série e coordenador de Sensibilização do Coral Vivo.
A série contou com a atuação do biólogo Alvaro Migotto, do Centro de Biologia Marinha da USP, na consultoria científica e na produção das imagens microscópicas. O pesquisador conta que já tinha documentado muitas dessas imagens utilizadas na série, produzidas durante sua trajetória de pesquisa e ensino, sendo algumas feitas em Arraial d’Ajuda, na Bahia, durante a produção dos episódios.
Essas imagens estão sendo reunidas pelo biólogo há mais de 20 anos e estão disponíveis em um banco disponível na internet (Cifonauta) para auxiliar atividades de pesquisa, ensino e extensão. O banco possui mais de 10 mil registros de pequenos organismos presentes no litoral brasileiro. O pesquisador atenta para o detalhe de que grande parte da biodiversidade é composta por seres de pequenas dimensões “No mar isso é ainda mais evidente e no geral as pessoas conhecem muito pouco dessa diversidade”.
Além disso, Migotto destaca a importância dos serviços ecossistêmicos que esses seres de pequenas dimensões prestam à natureza: “as florestas marinhas são formadas por microrganismos, que possuem um papel muito importante para a produção da matéria orgânica e da fotossíntese. São organismos que muitas vezes não vemos e geralmente quando a gente não vê, não dá importância. A série tem essa função de chamar atenção para esses organismos.”
E completa: “As microalgas, por exemplo, são a base de grande parte das teias de cadeias alimentares marinhas. Além disso, são responsáveis pela produção de oxigênio. Podemos dizer que 50% do oxigênio mantido na nossa atmosfera é produzido pela ação desses seres microscópicos”.
A série
Os dois primeiros episódios, “Bastidores” e “Alvaro”, abrem a nova temporada, ao apresentar o biólogo Alvaro Migotto e sua trajetória com pesquisas e capturas de imagens dos seres microscópicos do mar. O primeiro episódio traz o making of da série e, com narração de Alvaro, destaca a importância da fauna microscópica marinha, ressalta que esta representa a maior parte da vida no oceano. No segundo episódio, o biólogo mostra achados recentes em seu microscópio, como um pequeno caranguejo.
Na continuidade da série, o episódio “Areia” tem como ponto de partida uma cena cotidiana: uma menina brincando na praia tentando enxergar o que há nos grãos. A viagem começa mostrando os pequenos seres que vivem nas areias, secas ou molhadas na beira da água, sendo que alguns podem ser vistos a olho nu, como um caramujo ermitão, e outros que são apresentados nas imagens microscópicas.
No episódio intitulado como “Algas”, uma mulher observa as algas na praia e ao observar as plantas à beira-mar, desperta para detalhes microscópicos. Analisando mais a fundo, é possível observar por meio das imagens que muitos seres habitam aquele pedaço de alga, entre eles um cavalo marinho microscópico que rapidamente se alimenta de um camarão ainda menor, resultando em imagens surpreendentes e belíssimas.
Já no quinto episódio, “Poças”, seres que vivem nas delicadas piscinas naturais que se formam com as marés são os destaques. Alguns, como o polvo, podem ser vistos facilmente, enquanto outros precisam de um esforço maior. O capítulo seguinte, “Corais”, oferece ao espectador a oportunidade de observar os recifes do Sul da Bahia. Com uma máscara, pés de pato e uma lupa, um mergulhador desvenda o universo desses seres tão importantes para o oceano. As imagens em altíssima resolução mostram a diversidade de formatos, cores e texturas e captam seus pequenos movimentos.
O último episódio, “Encontro”, mostra o encontro dos quatro curiosos que guiaram a jornada microscópica com professor Alvaro Migotto, no laboratório da base de pesquisa do Projeto Coral Vivo, na Bahia. Lá, eles se deslumbram ao conseguirem ver os seres microscópicos que estavam tão próximos.
“Essa temporada de Amar o Mar transborda de encantamento e paixão em todas as suas etapas de produção. Até mesmo para quem tem a conservação marinha como causa de vida, para quem trabalha com isso há décadas, esse mergulho no microscópio e no conhecimento do Alvaro Migotto e de todos os cientistas do Coral Vivo foi um alumbramento. Que as pequenezas desse nosso planeta oceano acendam milhares de fagulhas de amor nos olhos do público também”, diz Bia Hetzel, uma das roteiristas da temporada.
A quarta temporada de “Amar o Mar” conta também om o copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque. A trilha sonora original, composta exclusivamente para a temporada, é de autoria do Grupo Cultural Arte Manha de Caravelas.