Pesquisadores brasileiros comprovam existência de araras-azuis anãs
Pesquisa confirma a existência deb arara-azul anã — Foto: Lucas Rocha
Cientistas brasileiros confirmaram a existência de araras-azuis anãs na natureza. O estudo inédito feito pela Universidade Anhanguera-Uniderp, de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul (MS), avaliou a espécie Anodorhynchus hyacinthinus em dois domínios naturais diferentes: no Pantanal e no Cerrado.
O acompanhamento começava ainda do ovo e terminava quando os filhotes saíam do ninho. Ao longo de três décadas foi possível observar que o peso e comprimento total de algumas araras-azuis são cerca de um quinto menor em relação à população geral da espécie. A cauda das araras anãs também é 70% menor do que a dos exemplares de tamanho considerado comum.
Arara-azul-grande 04 — Foto: Arquivo TG
“As araras nascem, se desenvolvem e ficam anãs. Mas a princípio isso não afeta a espécie. Elas conseguem voar, se acasalam com indivíduos normais e têm filhotes sem problemas”, comenta.
A arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari) é uma espécie ameaçada que ocorre na caatinga baiana — Foto: Cláudia Brasileiro
“Nesse levantamento, identificamos 31 araras anãs entre os filhotes, cerca de 8% da amostra total, mas apenas 15 delas se desenvolveram até voar”, explica Guedes.
Segundo Neiva, não se sabe por que a presença das anãs ocorre na espécie. Alguns fatores podem contribuir pra isso. “Fizemos comparação estatísticas com vários métodos. A questão genética vai depender no futuro de termos mais amostras coletadas e aí sim fazer uma análise comparativa desses indivíduos com os comuns”, conta.
Conselho Regional de Biologia realiza debate sobre obra de complexo eólico perto de habitat de arara-azul-de-lear na BA — Foto: Claudia Brasileiro
Guedes ainda explica que como em outras aves, vários fatores podem influenciar no desenvolvimento de filhotes de araras, como variações de temperatura e dos níveis de chuva, quantidade, qualidade e disponibilidade de alimentos, tamanho da ninhada e ocorrência de doenças. “Mas pra chegar a uma resposta é preciso aprofundar os estudos”, comenta.
O artigo científico foi publicado na revista Scientific Reports e divulgado pela FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (SP).
Arara-azul-grande está ameaçada pelo desmatamento e tráfico de aves — Foto: Rudimar Narciso Cipriani
Sobre a espécie
De coloração inconfundível, com diferentes tons de azul vibrante em degradê, e amarelo intenso ao redor dos olhos e nas pálpebras, essa ave se destaca pela beleza e tamanho.
“As araras-azuis apresentarem até um metro de comprimento da ponta da sua cauda até a ponta do seu bico. Não é à toa que dos psitacídeos – mesma família que inclui papagaios, periquitos, araras e maritacas – ela é a maior do mundo”, explica o ornitólogo Luciano Lima.
Na região do Pantanal, são encontradas em áreas abertas e nas matas que possuem palmeiras. Já osninhos estão localizados normalmente na borda ou interior de cordilheiras e capões, bem como em áreas abertas para o pasto. “Nas regiões mais secas de Manaus, Tocantins e Bahia, por exemplo, é comum encontrar essas aves em áreas como vales de paredões rochosos onde o bando costuma fazer ninhos em ocos de palmeiras”, destaca.
Além do seu comprimento, as araras-azuis chamam a atenção por seu bico forte e curvo. Elas são verdadeiras especialistas em quebrar sementes. “Elas possuem muita habilidade. Quebram sementes muito rígidas como a de babaçu e buriti, inajá com muita facilidade”, comenta.
Uma outra curiosidade é que a fidelidade dessa ave também a fez ganhar fama. “Na época de reprodução, os indivíduos formam casais, os quais são fiéis mesmo após o final desse período. Sendo assim, podemos dizer que a arara-azul é uma espécie monogâmica”, finaliza.
Arara azul é considerada vulnerável, com um número de 6.500 indivíduos de vida livre no Brasil. — Foto: Divulgação/ João Marcos Rosa
Situação preocupa
Nos anos 1980 havia apenas 2,5 mil exemplares da arara-azul, então considerada ameaçada de extinção. Hoje, embora a sua população atual seja estimada em cerca de 6 mil aves, ela ainda é vista como em perigo, só que em uma categoria menos crítica, com o status de espécie vulnerável.
O aumento da sua população se deve, em grande parte, ao trabalho de Neiva Guedes, fundadora e presidente do Instituto Arara-azul.
Há, no entanto, as secas e queimadas ocorridas no Pantanal recentemente geram medo por parte dos pesquisadores pelo risco de a espécie voltar a ser classificada como ameaçada de extinção.
Por isso, estudos e monitoramentos da espécie se fazem cada vez mais necessários para evitar situações ainda mais alarmantes para a arara-azul.
Fonte: G1
Hay mucha contaminación de las aguas, por derramamiento de líquidos tóxicos, en los cursos, de arroyos o ríos. Así también los peces resultan contaminados en su carne!!