Pesquisadores encontram “peixes alienígenas” no oceano profundo
Equipes de pesquisadores de três universidades federais brasileiras (UFRPE, UFPE e UFRJ) encontraram espécies bizarras de peixes nas profundezas dos mares brasileiros. As criaturas de aparência alienígena habitam a chamada ‘zona mesopelágica’, que se estende de 200 a 1000 metros abaixo da superfície da água.
Por Gabriel Caldini
Peixes mesopelágicos
Os peixes que habitam a zona mesopelágica são conhecidos por viver nas profundezas oceânicas durante o dia e realizar migrações diárias para a superfície à noite. Além disso, figuram entre os seres vertebrados mais abundantes do mundo.
Eles são capazes de sobreviver às condições inóspitas do mar profundo graças a algumas adaptações especiais, como a bioluminescência (capacidade de produzir luz própria), sistemas visuais avançados que os permitem enxergar no escuro, assim como um baixo metabolismo e alta tolerância às alterações no ambiente. Suas aparências bizarras não passam de um reflexo dessas adaptações.
A jornada vertical que esses peixes realizam diariamente envolve trilhões de indivíduos e se configura como a maior migração do planeta. Durante o dia, esses animais ficam nas profundezas para se esconder de potenciais predadores, enquanto à noite sobem para buscar alimento.
“A frase ‘melhor estar com fome do que morto’ resume bem a razão pela qual tantos animais se submetem a esse gigantesco jogo de esconde-esconde. Ao se alimentar à noite e se esconder durante o dia, a migração permite que eles equilibrem sua necessidade de comer com o evitar ser comido”, explica Nolé.
Essa migração é responsável pelo mencionado sequestro de carbono, já que, conforme retornam às águas profundas, esses peixes carregam consigo o carbono que assimilaram na superfície, o qual pode ficar preso no fundo do mar por milhares de anos, impedindo que suba à atmosfera e contribua para as mudanças climáticas.
Texto publicado originalmente em OLHAR DIGITAL