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Poluição plástica afeta 88% das espécies marinhas, diz ONG

Poluição plástica afeta 88% das espécies marinhas, diz ONG
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Informe da organização ambientalista Fundo Mundial para a Natureza (WWF), divulgado nesta terça-feira (8), afirma que dejetos plásticos já chegaram a todas as partes do oceano e que a contaminação afeta 88% das espécies marinhas, que trazem o material em seu organismo, incluindo animais amplamente consumidos pelo ser humano.

A entidade pede esforços urgentes para criar um tratado internacional sobre plásticos.

Funcionários fazem limpeza de praia em Colombo, no Sri Lanka – Lakruwan Wanniarachchi – 5.jun.2020/AFP

Elaborado em colaboração com o Instituto Alfred Wegener da Alemanha, o relatório compila dados de 2.590 estudos científicos sobre o tema, medindo o impacto do plástico e do microplástico nos oceanos.

Conforme o documento, entre 19 milhões e 23 milhões de resíduos plásticos chegam ao mar anualmente. Gigantescas “ilhas de plástico”, compostas de dejetos flutuantes, foram encontradas nos oceanos Atlântico e Pacífico.

O relatório ressalta que o derivado do petróleo “alcançou todas as partes do oceano, da superfície do mar ao fundo do oceano, dos polos às costas das ilhas mais remotas, e é detectável desde no menor plâncton até a maior baleia”.

Pelo menos 2.144 espécies sofrem poluição plástica em seu habitat e algumas também acabam ingerindo o material. Este é o caso, por exemplo, de 90% das aves marinhas e 52% das tartarugas.

O WWF alerta que conteúdo plástico foi encontrado em moluscos, como mexilhões azuis e ostras, e um quinto das sardinhas enlatadas contém essas partículas.

O material se degrada em partículas cada vez minúsculas, até se converter em “nanoplásticos” inferiores a um mícron um (milésimo de milímetro).

A situação é tão grave, que mesmo que a produção de plástico fosse paralisada, o volume de microplásticos duplicaria até 2050, devido aos restos já presentes no meio ambiente. O mais inquietante, porém, é que a inundação não vai parar, já que a produção de novo material duplicará até 2040 e, com isso, os resíduos nos oceanos triplicarão.

“Estamos chegando a um ponto de saturação em vários lugares, o que supõe uma ameaça não somente para as espécies, mas para todo o ecossistema”, explica Eirik Lindebjerg, responsável pelas investigações sobre resíduos plásticos no WWF.

Muito além das imagens impactantes de tartarugas ou focas presas em redes, contudo, o perigo se espalha por toda a cadeia alimentar: um estudo de 2021 sobre 555 espécies de peixes encontrou restos de plásticos em 386 delas.

No Nordeste, poluição vai de esgoto a óleo
No Nordeste, poluição vai de esgoto a óleo

Outros estudos sobre a pesca do bacalhau, um dos peixes mais comercializados, revelaram que até 30% dos espécimes do mar do Norte tinham microplásticos no organismo. O mesmo se aplica a 17% dos arenques capturados no mar Báltico.

Conforme a ONG, algumas das áreas marinhas mais ameaçadas são o mar Amarelo, o mar da China Oriental e o Mediterrâneo, que já atingiram seu limite de absorção de microplástico.

O especialista do WWF, Eirik Lindebjerg, afirma que, embora a pesca seja um dos principais contribuintes para a poluição marinha, o principal fator são os plásticos descartáveis.

“Por o plástico ter ficado mais barato, os fabricantes o produzem em grandes quantidades, o que permitiu desenvolver produtos de uso único que depois acabam se tornando lixo.” Segundo o ambientalista, alguns lugares correm risco de “colapso do ecossistema”, afetando toda a cadeia alimentar marinha.

Lindebjerg pede uma diminuição maciça da poluição plástica, ressaltando que a quantidade de poluição que os ecossistemas marinhos podem absorver é limitada. “Precisamos tratá-lo como um sistema fixo que não absorve plástico, e é por isso que precisamos caminhar para zero emissões, zero poluição, o mais rápido possível.”

O WWF está convocando negociações para um acordo internacional sobre plásticos na reunião da ONU sobre meio ambiente programada de 28 de fevereiro a 2 de março em Nairóbi, capital do Quênia. A entidade quer um tratado que estabeleça padrões globais de produção e uma verdadeira reciclagem.

Por Folha de SP

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Trajano Xavier

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