Poluição plástica é maior em alguns lagos do que nos oceanos, alerta pesquisa
Uma pesquisa publicada na revista científica Nature concluiu que as concentrações de plásticos em alguns lagos são maiores do que nas partes mais contaminadas dos oceanos. Os pesquisadores analisaram 38 lagos e reservatórios em 23 países em seis continentes que representam diferentes condições ambientais.
As amostras foram enviadas para análise na Universidade de Milano-Bicocca, onde foi possível confirmar a presença de plásticos e microplásticos em todos os corpos d’água observados.
A poluição plástica é, infelizmente, um fenômeno comum e amplamente difundido em ecossistemas de água doce. No entanto, grande parte das pesquisas da área são feitas em ecossistemas marinhos, o que impulsionou o desenvolvimento do novo estudo.
“Esta é a primeira pesquisa global padronizada de abundância e tipo de poluição plástica em lagos e reservatórios e nossa pesquisa demonstra a escala da poluição plástica em água doce globalmente”, disse Heidrun Feuchtmayr, uma das coautoras do estudo.
Nele, uma equipe global de cientistas usou um método padronizado de coleta e análise da água, incluindo o uso de redes de plâncton finas para coletar amostras de detritos plásticos, o que possibilitou a comparação entre os lagos.
A grande maioria dos detritos encontrados foram categorizados como microplásticos — pequenas partículas de plástico entre 1 a 5 milímetros. E, embora todos os corpos d’água tivessem apresentado alguma forma de poluição plástica, as concentrações variaram muito.
Cerca de 21 dos lagos observados possuíam baixas concentrações de plástico (menos de uma partícula por metro cúbico). Do restante, 14 lagos tinham concentrações entre uma a cinco partículas por metro cúbico e três lagos tinham concentrações maiores que cinco partículas por metro cúbico.
Entre os três lagos mais poluídos observados pela pesquisa estão o Lago de Lugano (Suíça, Itália), o Lago Maggiore (Itália) e o Lago Tahoe (EUA).
Em cada um desses três lagos, as concentrações de plástico atingiram ou excederam as concentrações de plástico em “manchas de lixo flutuantes” — áreas marinhas que coletam grandes quantidades de detritos, como a Grande Mancha de Lixo do Pacífico. Além disso, esses lagos são importantes fontes de água potável para as comunidades locais.
O estudo também foi responsável pela identificação das partículas plásticas. Foi concluído que cerca de 90% dos detritos analisados pertencem a duas categorias: fibras e fragmentos, o que sugere que grande parte da poluição deriva da indústria têxtil.
“Nossos resultados indicam que os lagos desempenham um papel importante no ciclo global do plástico. Isso aponta para uma necessidade urgente de desenvolver políticas de gestão para reduzir a poluição plástica em lagos de água doce. Isso, por sua vez, ajudará a evitar que os plásticos entrem nos cursos de água e acabem nos sistemas marinhos”, disseram os autores do estudo em uma matéria publicada no The Conversation.