O sagui-da-serra-escuro está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo
A espécie sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) foi registrada no Parque das Neblinas pelo guia de observação de aves do Parque, Ronaldo Cardoso, ao avistar um grupo com três indivíduos. A espécie foi confirmada pelo biólogo e professor da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Fabiano Rodrigues de Melo.
Classificado como Em Perigo (EN), as principais ameaças ao sagui-da-serra-escuro são a perda de habitat natural e a hibridação com seus congêneres, fruto da inserção de espécies de Callithrix nativos de outras regiões — como o sagui-de-tufos-brancos (Callithrix jacchus), nativo da Caatinga, e o mico-estrela (Callithrix penicillata) — consequência do tráfico de animais silvestres. Este tipo de cruzamento faz com que a espécie perca suas características genéticas e seu fenótipo — ou seja, a “carinha” dele.
O sagui-caveirinha, como também é conhecido, está entre os 25 primatas mais ameaçados do mundo, segundo a pesquisa “Primates in peril”, publicada pelas organizações IUCN SSC Primate Specialist Group (PSG), International Primatological Society (IPS), Global Wildlife Conservation (GWC) e Bristol Zoological Society (BZS). O mesmo estudo aponta que a população da espécie está em cerca de mil indivíduos.
“A descoberta de um grupo de sagui-da-serra-escuro (Callithrix aurita) no Parque das Neblinas reforça a importância dessa floresta conservada para a manutenção de populações dessa espécie. Os saguis-da-serra-escuro são uma das espécies mais ameaçadas do Brasil e a existência de áreas como o Parque que, além de protegida, possui mata contínua, é a garantia para a proteção deste animal”, afirma Melo, que também é coordenador do Centro de Conservação dos Saguis-da-Serra da Universidade Federal de Viçosa e monitora populações de primatas no Parque.
“As pesquisas são um instrumento fundamental para conhecer, avaliar e proteger as poucas populações existentes, bem como estabelecer estratégias para o manejo e a conservação da espécie. O registro do Callithrix aurita demonstra que a espécie permanece habitando a área e reforça que o ambiente proporciona condições necessárias para o seu abrigo”, declara Paulo Groke, diretor superintendente do Instituto Ecofuturo, organização sem fins lucrativos fundada e mantida pela Suzano e responsável pela gestão do Parque das Neblinas.
Fonte: CicloVivo