Projeto de algodão agroecológico em MG resgata tradições e garante seguranças alimentar
tares tiveram rendimento tão bom ou até melhor – há registros de que o açafrão tenha rendido até sete vezes mais.
“Eu plantei uma abóbora na minha área e ela deu mais de 13 quilos”, empolga-se o agricultor Josefino Ferreira dos Santos. “Achei tão bonita que fiquei olhando pra ela o dia todo, né?”
Para Haroldo Mendes Barbosa, o ganho na produção de algodão se tornou secundário: a principal vantagem é a diversidade de espécies alimentares, todas elas cultivadas “sem venenos”. A rotação de culturas tem ainda um efeito positivo de médio prazo, que é a melhoria da qualidade do solo. “A terra tem que ser viva, não adianta. Temos que deixar o solo melhor do que a gente encontrou”, filosofa o produtor.
Resgate da cultura do algodão
Tanto Gaspar quanto Haroldo têm a mesma memória da infância: o som das rodas de fiar. Uma tradição que se perdeu com o tempo, com motivações variadas, entre elas o ocaso da cultura do algodão na região, a industrialização do segmento têxtil e a baixa qualidade da matéria-prima (algodões trazidos de outros estados, produzidos em monocultura e com agrotóxicos, dão alergia nas fiandeiras).
Agora, elas, as fiandeiras, podem trabalhar com algodão sem veneno e se orgulhar de produzir com aquilo que é original de sua própria terra. Diva Maria dos Santos recorda com alegria de quando fiou com as próprias mãos os artigos de seu enxoval. Aprendeu o ofício com a mãe e já ensina a filha de 14 anos. “Quero que ela aprenda o fio, porque vai chegar o dia que não vou dar conta de fazer”, diz. “Ela gosta. É trabalhar para não deixar acabar [a cultura das fiandeiras].”
Diva Maria dos Santos fiando com algodão orgânico. Foto: Fellipe Abreu.
Fonte: Mongabay