Registros de pólen revelam como era vegetação no planeta há 10 mil anos
Uma pesquisa do cientista climático Alexander Thompson, da Universidade de Washington em St. Louis, nos EUA, concluiu que registros antigos de vida vegetal contam a história real das temperaturas globais ao longo dos anos. A partir de simulações de modelos climáticos, foi possível analisar o papel da mudança da vegetação como um fator-chave para o aquecimento global nos últimos 10 mil anos.
O artigo, publicado na última sexta-feira (15) na revista Science Advances, é pioneiro ao contestar modelos climáticos prévios, que estipulam, entre 6 mil e 9 mil anos atrás, apenas uma quantidade limitada de crescimento da vegetação. Segundo Thompson, isso seria incompatível com o grande registro de pólen feito por sua pesquisa.
No início do Holoceno (atual época geológica), o deserto do Saara, na África, era completamente verde, descrito mais como uma pastagem. Outra vegetação do Hemisfério Norte, incluindo florestas com árvores como pinheiros e carvalhos, nas latitudes médias e no Ártico, também prosperou nesse período.
Por meio de evidências de registros de pólen, o cientista projetou um conjunto de experimentos com um modelo climático conhecido como Modelo do Sistema Terrestre Planetário (em inglês, CESM). As simulações puderam explicar uma série de mudanças na vegetação que não haviam sido consideradas anteriormente, e solucionar algumas controvérsias em relação a esse intervalo da história.
O Holoceno é considerado recente em termos geológicos. Compreender a escala e o tempo da mudança de temperatura nesse período também auxilia na concepção da ascensão da agricultura e da civilização.
Além disso, o estudo se faz relevante porque serve como exemplo não só para projeções no passado como para previsões do futuro em relação à mudanças climáticas. “No geral, nosso estudo enfatiza que a contabilização da mudança na vegetação é crítica”, disse Thompson, em comunicado. “As projeções para as mudanças climáticas futuras são mais propensas a produzir previsões mais confiáveis se incluírem mudanças na vegetação.”