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Rio Paraná enfrenta seca histórica que pode afetar indústria e agricultura

Rio Paraná enfrenta seca histórica que pode afetar indústria e agricultura
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Em alguns pontos onde antes corra o rio largo, agora é possível atravessar a pé

Com quase cinco mil quilômetros, que vão desde o Brasil até o Rio da Prata, sendo o oitavo maior rio do mundo e o segundo maior da América do Sul, atrás somente do Amazonas, o Rio Paraná está secando — e os trágicos desdobramentos de tal processo impactam frentes diversas, desde a energética até sobre a vida de trabalhadores e populações que dependem de suas águas para viver. Além de alimentar o funcionamento da Usina Hidrelétrica de Itaipu, a estiagem do Paraná afeta não só a crise de energia atual, como também pescadores, populações ribeirinhas, operadores logísticos, profissionais das hidrovias e ao agronegócio — afetando, com isso, toda a população brasileira e mesmo de outros países vizinhos, como Argentina e Paraguai.
Diversos relatórios de órgãos especializados internacionais, como o último levantado pelo Painel Intergovernamental sobre o Clima da ONU, apontam as mudanças climáticas provocadas pela ação humana, bem como desmatamento descontrolado, a crise climática e mesmo ciclos naturais como causadores do quadro de estiagem do Rio Paraná. A partir de tais previsões para o território da América do Sul, o Brasil vive a pior seca registrada em 91 anos, mas uma mudança agrava o quadro de forma radical: hoje a população é consideravelmente maior, tanto no país de modo geral quanto diretamente nos territórios à beira do rio, e com isso a dimensão do impacto também se amplia, se comparada ao quadro de seca de quase um século atrás.

Em alguns pontos onde antes corra o rio largo, agora é possível atravessar a pé (Foto: CESP)

Milhares de famílias, tanto no Brasil quanto no lado argentino do Paraná, vivem em colônias de pescadores que dependem da pesca e do turismo pesqueiro para viver — toneladas de peixes já tiveram de ser resgatadas e transportadas para partes ainda não afetadas pela seca no rio. Em 2021 o quadro de seca também impede atualmente que a hidrovia Tietê-Paraná funcione, impedindo que cerca de quatro milhões de toneladas de produtos agropecuários sejam transportadas pelas águas anualmente, em impacto econômico de cerca de 3,5 bilhões de reais para a economia brasileira, e sobre 1.500 pessoas empregadas no funcionamento de tal hidrovia — a produção agrícola do Paraguai e da Argentina também dependem diretamente do transporte pelas águas, cada vez mais escassas, do Rio.

A bacia do Rio Paraná, desde o Brasil até o Paraguai, o Uruguai, a Argentina e a Bolívia (Foto: Wikimedia Commons)

Não é por acaso, portanto, que o Brasil, que produz mais de 63% de sua energia a partir de hidrelétricas, vive sua pior crise energética desde 1930: a seca do Rio Paraná é parte determinante dessa triste conta, como a bacia de maior capacidade instalada de geração de energia hidrelétrica no País em cerca de 60%. A quantidade de água que atravessa as turbinas da usina, bem como a altura das águas do rio, determina diretamente a potência de geração de energia — tal cálculo impacta, por exemplo, o preço da conta de luz, que sofrerá aumento já anunciado pelo governo, apesar de grande parte do consumo de água ser, em verdade, da indústria agropecuária. A seca do Rio Paraná, portanto, afeta o país de modo geral: desde as populações ribeirinhas e pescadoras, desde o preço até a própria produção de energia, que pode chegar a um apagão, dos produtos indiretos, e sobre a economia do País e de países vizinhos.

Fonte: Hypeness

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Trajano Xavier

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