Roménia quer triplicar a quota para o abate de ursos por motivos de segurança
O Governo romeno anunciou esta quinta-feira a intenção de autorizar o abate de 426 ursos em 2023, face aos 140 no ano passado, defendendo que esta espécie protegida desenvolveu-se demais e que os ataques multiplicaram-se.
Esta decisão é necessária para “fazer frente a um perigo iminente”, destacou o Ministério do Meio Ambiente através de um despacho citado pela agência France-Presse (AFP).
“Não há alternativa satisfatória, pois centenas de ursos problemáticos relocalizados regressaram ao seu habitat original ou criaram novos conflitos”, acrescentou o Governo romeno.
No total, Bucareste registou 154 ataques entre 2016 e 2021: 158 pessoas ficaram feridas e 14 morreram, segundo dados oficiais.
“Estamos a propor esta medida porque muitas pessoas morreram e as indemnizações foram muito altas”, tinha referido recentemente o ministro do Meio Ambiente, Barna Tanczos, explicando que pretende que a população de ursos regresso à “densidade ideal”.
A Roménia abriga a maior população de ursos da Europa, à exceção da Rússia, segundo o Governo, que estima entre 7.500 e 8.000 o número de indivíduos presentes no seu território.
Em comunicado, a Greenpeace denunciou uma “decisão cínica” contrária às diretivas europeias, acreditando que o país se expõe a “um novo processo por infração”.
Esta organização não-governamental (ONG) pretende interpor um recurso contra este aumento de quotas, que autoriza o regresso de uma “caça comercial”.
Até agora, o abate era de responsabilidade apenas das autoridades.
A caça desportiva, que atraiu amadores de todo o mundo à busca de um ‘troféu’, está proibida desde 2016 para proteger a espécie.
A Roménia baseia a monitorização científica da população de ursos na recolha de pistas deixadas no solo, como pegadas, método que não permite um censo exato.
As autoridades anunciaram em 2021 a implementação gradual da tipagem genética para determinar a identidade de cada animal, através da recolha de excrementos e pelos.
Mas apenas 1.200 amostras foram recolhidas até agora de uma meta de 18.000, adiantou ainda o ministro.