Telhado de casarão antigo no Recife (PE) vira horta que alimenta 500 famílias carentes
O telhado de um antigo casarão no coração da capital pernambucana virou uma horta orgânica que alimenta 500 famílias carentes das comunidades do Coque, Avenida Sul, Roque 2, Roque 3 e Joana Bezerra todo ano.
Batizado de “Telhado Eco Produtivo – semeando novos horizontes”, o projeto criado há 5 anos é um sucesso em Recife (PE) e vem sendo mantido pela ONG Comunidade dos Pequenos Profetas.
São 400 m² de hortas orgânicas cuidadas por 287 famílias, que utilizam estruturas ecológicas de madeira para plantar hortaliças como alface, couve, manjericão, arruda e rúcula – cultivadas em até 120 dias sem agrotóxicos e com o máximo de aproveitamento da terra.
Para Demetrius Demetrio, gestor da comunidade, a iniciativa se tornou essencial em plena pandemia para alimentar pessoas que não possuem renda fixa para se manter mensalmente. “Tínhamos duas opções com a pandemia: fechar ou seguir. No começo, três pessoas desistiram. O número de pessoas aqui na porta da instituição triplicou. É muita gente passando necessidade porque vive em empregos informais“.
As pessoas que atuam no plantio e colheita da horta recebem orientações sobre cultivo orgânico e cuidados com o meio ambiente.
Além disso, eles recebem apoio técnico para produzir suas próprias hortaliças em casa, a partir de mudas doadas da horta comunitária.
Ideia de aproveitar o telhado
Quando a ONG Comunidade dos Pequenos Profetas foi alvo de roubos em série em sua sede, os voluntários tiveram a ideia de mover a horta comunitária para o terraço do casarão.
“Nós tivemos 8 arrombamentos aqui. E os ladrões, quando entravam, destruíam tudo e pegavam comida e jogavam no telhado”, contou Demetrius.
Ao todo, os furtos causaram R$ 47 mil de prejuízo: não dava mais pra manter as coisas do jeito que estava.
Demetrius conta que teve a ideia de fazer a migração após participar de uma ação internacional sobre ecologia e sustentabilidade.
“Eu lancei um livro na Espanha e vi alguns prédios com jardins no teto. Quando voltei, procurei empresas que trabalhavam nessa área. Encontramos uma empresa, a Ecogreen; eles acharam estranho, mas toparam a ideia”, relembrou.
O sonho de transformar o telhado em uma imponente horta de 400 m² só se tornou realidade graças ao apoio de empresas e entidades não-governamentais. “Depois do telhado ninguém mais arrombou, e isso faz cinco anos”, comemorou o ativista.
Hoje, além de alimentar centenas de famílias, o local virou uma espécie de museu a céu aberto. “A gente tem visita aqui de estudantes de escolas e universidades. O projeto é arrojado, chama atenção”, comentou Demetrius.
Pensando no meio ambiente do início ao fim
A horta ecológica tem como princípio a sustentabilidade, inclusive para manter suas operações: a eletricidade, por exemplo, é gerada através de 26 placas de energia solar.
Já a irrigação é feita por gotejamento automático, técnica agrícola cada vez mais difundida Brasil afora. Por fim, o espaço também conta com um berçário (sementeira), protegido por uma tela especial para cultivo.
Segundo Demetrius, há ainda um projeto para o telhado ganhar um jardim de flores comestíveis – ele será instalado ao redor da área coberta que forma um terraço, onde são realizadas reuniões e apresentações. “Essa é uma contribuição ambiental também do projeto“, completou.
Fonte: Razões para Acreditar