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Temporada de baleias-jubarte na costa brasileira

Temporada de baleias-jubarte na costa brasileira
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Pesquisadores brasileiros vêm acompanhando a rota migratória das jubarte para analisar os efeitos das mudanças ecossistêmicas na alimentação desses animais

Quando observadas de maneira correta e respeitando seu espaço, as baleias-jubarte facilmente se aproximam dos que desejam apreciar o seu show: são carismáticas, curiosas e adoram se exibir. “Se você deixar o motor ali no neutro e ficar parado com a embarcação, tem grandes chances de ela se aproximar e dar o seu show. É algo muito marcante para a vida de qualquer um”, afirma o pesquisador Pedro Fróes, que não só contempla o espetáculo das jubarte, mas também observa cada comportamento do animal para o seu estudo do Laboratório de Ecologia e Conservação Marinha (Ecomar) da UFRJ.

Chamada de Hungry Humpback, a pesquisa da rota migratória das baleias-jubarte é uma parceria de instituições a nível global. O Ecomar e o Instituto Baleia Jubarte são os representantes brasileiros do estudo. Atualmente a pesquisa encontra-se na terceira etapa, na qual os pesquisadores vêm acompanhando as jubarte na sua passada pela Região dos Lagos, no Rio de Janeiro. A observação teve início em setembro do ano passado, quando as baleias estavam finalizando o período de rota migratória no arquipélago de Abrolhos, próximo à costa do sul da Bahia. A segunda etapa da pesquisa foi realizada por pesquisadores internacionais na Antártica, acompanhando a rota dos animais. São parceiras internacionais da pesquisa a British Antarctic Survey, Darwin Plus Fund, South Georgia Heritage Trust, Friends of South Georgia Island, Aarhus University e University of Iceland.

Com o aumento populacional das jubarte registrado nos últimos anos, os cientistas buscam entender se o ecossistema terá capacidade de suportar essa mudança e se esses animais terão alimento suficiente para a sua sobrevivência nas próximas décadas, principalmente com a frequência de eventos climáticos extremos ao redor do mundo. O objetivo principal da pesquisa é compreender o futuro deste animal que esteve por muito tempo ameaçado de extinção devido à caça. Os resultados do estudo serão divulgados após o final da rota migratória e a compilação de todas as observações realizadas durante este período.

“O que nós vamos conseguir medir é o quanto as mudanças climáticas estão alterando e impactando as jubartes, principalmente na questão da disponibilidade de alimento. O krill tem sido muito visado atualmente como um  produto de exploração comercial, então é muito importante analisarmos e termos um embasamento forte para justificar se pode ou não liberar a pesca ou realizar atividades em determinado lugar, porque esses animais são muito necessitados deste produto”, disse Fróes.

O pesquisador destaca ainda que, assim como essa, o Brasil tem sido palco de pesquisas relevantes a nível mundial, e é preciso reconhecer a importância disto. “Não chega a ser inédito analisar o tamanho corporal de jubarte e pesquisas desse tipo, mas a quantidade de pessoas envolvidas nesse estudo, de locais visitados e observações feitas é realmente algo muito grande. Às vezes não nos damos conta que uma pesquisa de importância mundial está sendo feita no nosso quintal”, completou.

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Trajano Xavier

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