O conceito de terraço-jardim surgiu na década de 20, mas voltou a ganhar destaque, o que é bom do ponto de vista sustentável e estético.
Sem dúvida alguma, o planeta Terra passa por sérias mudanças climáticas e é obrigação dos projetistas oferecerem soluções contra os impactos causados pelas construções na natureza. O atual sistema tem provocado, entre outros problemas, o aumento significativo dos níveis de poluição atmosférica e a diminuição da drenagem da água das chuvas, principalmente em regiões metropolitanas.
Atento a isso, já na década de 1920, Le Corbusier, através dos seus ‘cinco pontos para a nova arquitetura’, lançou o conceito dos terraços-jardins. Mas antes mesmo do movimento moderno, em civilizações do passado, como na Mesopotâmia e na Pompéia, os elevados com plantas cultivadas já eram uma tendência. Hoje, este conceito tem sido utilizado pelos profissionais como um princípio sustentável.
Os terraços-jardins são um conceito arquitetônico existente há milênios, mas que ganhou mais destaque após o movimento moderno. (Villa Savoye – imagem de Flickr) |
Com a alta densidade populacional, é cada vez mais difícil encontrar áreas vazias e espaços verdes nas grandes cidades. Por isso, arquitetos e engenheiros têm resgatado a ideia dos terraços-jardins e tetos verdes.
O que está em jogo não é só a questão decorativa, mas a funcionalidade e a ecologia. Ter um terraço-jardim sobre uma edificação é uma excelente forma de dar um uso real a um espaço que, a princípio, estava perdido. O investimento financeiro pode parecer alto, mas coberturas assim trazem muitos benefícios.
Exemplo brasileiro, Ministério da Educação e Saúde – 1930 – projeto arquitetônico por Lúcio Costa e paisagístico por Burle Marx. (imagem site Archdaily) |
Diferente de um terraço-jardim, as coberturas verdes maximiza os benefícios energéticos e de isolamento das coberturas. ( Edifício de Toronto, Canadá. – imagem de Wikipedia) |
A cobertura de um edifício não precisa ser necessariamente preenchida com telhas ou matéria vegetal. Mas eles podem ser belos espaços integradores, de convivência e lazer, com pisos, deques, piscinas e mais. Claro que é mais favorável que haja plantas, pois é uma forma de recuperar o pouco de verde perdido nas cidades. À medida que elas crescem há mais superfícies impermeáveis no solo, como os edifícios e vias pavimentadas. Isto, muitas vezes, interfere negativamente no contexto local e na qualidade de vida das pessoas. Preservação do verde e o bem-estar da população devem ser prioritários.
Qualificando a arquitetura e o urbanismo recupera-se os espaços verdes e abertos perdidos pelas construções. (imagem de Pixabay) |
O uso da vegetação em coberturas contribui expressivamente com o meio ambiente. Primeiro, porque ajuda a diminuir a poluição atmosférica. Segundo, pois é um bom isolante térmico – absorvendo o gás carbônico e liberando oxigênio, o que ajuda no combate às ‘ilhas de calor’ das metrópoles. E, terceiro e não menos importante, porque as coberturas verdes permitem a retenção da água da chuva, que pode ser armazenada e reutilizada, dependendo do projeto.
A impermeabilização mais comum em terraços-jardins é através da manta asfáltica. (imagem Ron Sanderson) |
Num terraço ajardinando, por exemplo, há ainda outra vantagem: a garantia de privacidade do espaço. Além disso, em recipientes ou canteiros, os jardins domésticos podem ser uma alternativa de fornecimento de alimentos, o que reduziria as áreas de plantio e os consequentes desmatamentos.
Dica: para os terraços-jardins indica-se, principalmente, vegetação de pequeno ou médio porte, bem como as espécies rasteiras, como as gramas.
Conforme as características ou espessura da laje tem-se, nos interiores da edificação, temperaturas mais frias ou quentes. (imagem de Pixabay) |
Um terraço-jardim bem executado diminui a necessidade do uso excessivo de aparelhos de ar dentro dos ambientes. (imagem de Pixabay) |
Sobre a construção de um terraço-jardim, o ideal é que o mesmo seja previsto antes da execução do projeto. Isto porque a laje que irá suportá-lo precisa ser calculada previamente, para garantir que o peso da terra, dos revestimentos e outros elementos, sejam sustentados. Também se deve ter uma atenção especial para a impermeabilização da superfície e o cuidado constante com a manutenção das raízes das plantas, que podem danificar as camadas protetoras da laje.
Por Simone Tagliani