Treinador de cães composta as fezes dos animais e fabrica adubo
Dono de um centro de treinamento para cães nos EUA destina o cocô dos animais para compostagem e criou um novo negócio
Quem tem um cachorro sabe que, além da delícia da companhia do seu bichinho, existem algumas responsabilidades: cuidar do cocô do animal é uma delas. Nos centros urbanos, quem passeia com os cachorros precisa recolher as fezes para que as ruas sejam agradáveis para todos. Quem vive em casa também não gosta de deixar “presentinhos” por aí.
Agora, imagine que você tem trabalha com treinamento e hospedagem de cachorros, e precisa lidar com o cocô de vários animais ao mesmo tempo. É isso que acontece com Myles Stubblefield, proprietário da K9 Vision, em Nova Iorque. O local tem 7 cães e um porco residentes e recebe todos os dias cerca de 20 cães. Além de lidar com o adestramento e cuidados com os cachorros, ele precisa encarar uma quantidade enorme de fezes animais.
No início ele seguia o “método tradicional” e colocava as fezes em um saco que era descartado como lixo. Mas Myles logo percebeu que essa não era a solução mais sustentável. “Essas sacolas não se decompõem, então acabam produzindo muitos gases de efeito estufa”, conta ele.
Stubblefield tinha um problema e queria encontrar uma solução para isso. E a solução estava (sempre esteve) na natureza. As fezes são resíduos orgânicos, portanto se decompõe e podem ser também compostados.
Depois de pesquisar sobre o assunto, Myles decidiu usar a compostagem com minhocas para dar um novo destino ao monte de fezes que fazia parte das suas atividades. A decisão foi tomada há 4 anos e vem dado certo desde então. Agora, além da K9 Vision, ele é proprietário da Buffalo Worm Works, que trabalha com a compostagem de resíduos orgânicos e educação ambiental.
A compostagem realizada pela empresa envolve diversos tipos de resíduos orgânicos, não apenas as fezes de cachorro. E Myles avisa que este resíduo específico não pode ser enviado por proprietários de cães. “Eu tenho o suficiente. Eu mesmo tenho uma montanha disso”, brinca. “Mas posso fazer um modelo para compartilhar com essas pessoas para que possam cuidar de seus próprios dejetos de cachorro”.
Atualmente, a empresa vende um excelente adubo, feito com a compostagem de resíduos orgânicos coletados de restaurantes. O composto orgânico gerado com a compostagem das fezes de cachorros ainda não é comercializado para o público em geral, porque ainda é um projeto em desenvolvimento comercial.
“Nós testamos nosso composto de cachorro e ele volta sem nenhuma carga viral. Mas a compostagem de qualquer tipo de resíduo não alimentar requer parâmetros extremamente rígidos de tempo e temperatura. Portanto, usamos esse composto apenas em pastagens, arbustos e árvores. É estritamente um projeto interno para nós. Nós não vendemos”, esclarece.
A resposta está na natureza
Myles conta que sempre gostou de observar a natureza e entender seus ciclos. Quando criança já tinha o hábito de colocar a mão na terra, pegar minhocas e querer entender o comportamento de outros animais. “Sempre tive essa atração de apenas observar a natureza trabalhando, e isso é algo que a compostagem me ensinou. Somos parte da natureza e há muito o que aprender apenas sentando e observado”, ensina.
Em suas atividades de educação ambiental, ele fala um pouco sobre estes ensinamentos. Myles acredita que existe uma grande procura por modos de vida mais sustentável e que isso vai gerar oportunidades para as pessoas e para o planeta.
Um exemplo é a parceria que a Buffalo Worm Works estabeleceu com no estádio Buffalo Bills, nas proximidades, com a Delaware North, uma empresa de gerenciamento de hospitalidade e serviços de alimentação. “Essa é uma das grandes partes de trabalhar com um cidadão corporativo responsável; eles pré-separam e nós recolhermos e compostamos o lixo orgânico para o estádio”, explica.
Ele também ministra aulas e workshops sobre o “poder das minhocas” pela cidade. “Meu objetivo é ser um consultor valioso quando se trata de desvio de resíduos e compostagem doméstica simples”, afirma Stubblefield. E ele tem um conselho para quem quer começar a compostar: comece! “Não é tanto sobre a prática, é sobre os princípios. Com um minhocário você pode manter um sistema de compostagem doméstica para sua familia”, diz ele.