Três meses após ser encontrada, árvore mais alta da Amazônia está em risco
A maior árvore da Amazônia mal foi encontrada e já corre risco de desaparecer. É o que alertam os ambientalistas que monitoram a Floresta Estadual do Paru, unidade de conservação onde ela está localizada. O angelim-vermelho de 88,5 metros de altura é a árvore mais alta viva no Brasil e a quarta maior no mundo.
Descoberta há três anos através de imagens de satélite mas alcançada somente em setembro de 2022, a árvore recordista ocupa uma área conhecida por abrigar diversos espécimes gigantes. A Floresta Estadual (Flota) do Paru, entre os estados do Pará e Amapá, é uma reserva de uso sustentável que possui várias espécies importantes, inclusive endêmicas: aquelas que não existem em nenhum outro lugar no mundo.
Por que o Angelim-vermelho está em risco
A Flota do Paru se enquadra em uma categoria de unidade de conservação que permite a exploração sustentável de seus recursos naturais. Ou seja, o corte é permitido, desde que feito com autorização e de forma controlada, em um ritmo que a floresta seja capaz de se regenerar. Porém, não é isso que vem acontecendo.
A unidade de conservação foi a terceira mais desmatada no último mês em toda a Amazônia, de acordo com dados de diferentes sistemas de monitoramento. Tanto a ONG Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) quanto o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) mostram taxas de desmatamento alarmantes na região.
Estes números são decorrentes da atividade ilegal de grileiros e garimpeiros na região. Os sistemas de monitoramento apontam um pico de desmatamento durante o ano de 2019, primeiro ano da gestão de Jair Bolsonaro. Durante o mandato do presidente, que deixa o Palácio do Planalto em menos de dez dias, a taxa de desmatamento na Amazônia subiu 73%, de acordo com dados do INPE.
A maior árvore do Brasil
O angelim-vermelho encontrado na Flota do Paru é maior que diversos cartões-postais icônicos. A Grande Esfinge de Gizé, com 20 metros, é pequena perto dos 88,5 da árvore. Mesmo o Cristo Redentor é cerca de 50 metros menor.
A ONG Imazon, que organizou a expedição até o angelim-vermelho lançou na última quinta-feira (15) a campanha #ProtejaAsArvoresGigantes, para alertar a sociedade sobre o desmatamento na região.
O espécime brasileiro é a quarta maior árvore documentada viva hoje no mundo. A mais alta de todas, uma sequoia de 116 metros, está no Parque Nacional das Redwoods, na Califórnia, Estados Unidos.