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Um herói sob nossos pés: solos podem ajudar mundo a enfrentar emergência climática

Um herói sob nossos pés: solos podem ajudar mundo a enfrentar emergência climática
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Sob nossos pés reside um “herói” climático subestimado: o solo. A terra mais saudável não é boa apenas para a biodiversidade e a produção de alimentos, mas também para mitigar as emissões de gases de efeito estufa, vilões do aquecimento global.

“Mudar a agricultura pode tornar os solos negativos em carbono, fazendo com que absorvam carbono e reduzindo o custo da agricultura”, disse ao The Guardian a pesquisadora Jacqueline McGlade, ex-cientista-chefe do programa ambiental da ONU e ex-diretora da Agência Europeia do Meio Ambiente.

A especialista coordenou um estudo que mostra como a melhoria das técnicas agrícolas em todo o mundo pode levar ao armazenamento de 31 gigatoneladas de dióxido de carbono por ano e ajudar o Planeta a se manter dentro da meta de aquecimento de 1,5°C.

Ela observa que soluções para aumentar a fertilidade e a produtividade são muitas vezes ignoradas em favor de técnicas intensivas que usam grandes quantidades de fertilizantes químicos artificiais, que podem aumentar as emissões de gases de efeito estufas, vilões do aquecimento global.

Segundo o estudo, realizado pela organização de tecnologia aplicada Downforce Technologies, com base em dados públicos globais, se metade dos solos agrícolas do mundo passassem por mudanças para armazenar 1% a mais de carbono, isso já seria suficiente para absorver as cerca de 31 gigatoneladas de dióxido de carbono por ano.

Esta taxa estimada se aproxima da diferença de 32 gigatoneladas entre a atual redução de emissões planejada globalmente por ano e a quantidade de carbono que ainda deve ser cortada até 2030 para o mundo controlar a alta do termômetro e cumprir o Acordo de Paris, destaca o jornal britânico.

McGlade estima que seria necessário um período de transição de dois a três anos para os agricultores verem seus rendimentos aumentar e os solos prosperarem a partir da adoção de práticas como o uso de culturas de cobertura, rotação de culturas e sistemas agroflorestais, que aumentam o sequestro de carbono da atmosfera. Considerando que cerca de 40% das terras agrícolas do mundo estão degradadas, segundo estimativas da ONU, o potencial de aplicação dessas soluções é amplo.

Claro que há custos. Segundo a pesquisadora, custaria cerca de US$ 1 milhão para restaurar 40.000 hectares de áreas agrícolas degradadas no Quênia, por exemplo. Com efeito, além dos ganhos de produtividade, os agricultores também poderiam vender créditos de carbono com base na quantidade adicional de dióxido de carbono que seus campos absorverão.

“Fora do setor agrícola, as pessoas não entendem a importância dos solos para o clima ”, afirmou McGlade. “Mudar a agricultura pode tornar os solos negativos em carbono, fazendo com que absorvam carbono e reduzindo o custo da agricultura.”

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Trajano Xavier

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