Um jardim botânico pode resfriar a temperatura do centro de uma cidade em até 5°C
À medida que as alterações climáticas aquecem o planeta, a inclusão de infraestruturas urbanas como jardins botânicos, parques, árvores nas ruas, muros verdes e zonas úmidas emerge como uma solução viável para refrescar o ar das cidades.
As temperaturas globais estão em ascensão, com o ano de 2023 sendo confirmado como o mais quente desde o início dos registros. Um novo estudo revela que a integração da natureza nas cidades pode ser uma estratégia eficaz para reduzir as temperaturas durante as ondas de calor.
Para aqueles que residem próximos a áreas florestais, a sombra das árvores proporciona um alívio bem-vindo durante os dias quentes. Mesmo em ambientes urbanos, uma visita ao parque local ou jardim botânico pode oferecer um refúgio contra o calor escaldante.
Uma pesquisa liderada pela Universidade de Surrey, no Reino Unido, revela que os jardins botânicos têm o potencial de reduzir a temperatura do ar no centro da cidade em até 5 °C. Outros elementos como zonas úmidas, muros verdes, árvores nas ruas e parques urbanos também contribuem para o resfriamento, com reduções significativas nas temperaturas.
O professor Prashant Kumar, diretor fundador do Centro Global para Pesquisa de Ar Limpo da Universidade de Surrey, destaca: “Há tempos sabemos que espaços verdes e água podem refrescar as cidades. Este estudo, no entanto, oferece a imagem mais abrangente até o momento, explicando os mecanismos por trás desse fenômeno, desde a sombra das árvores até a evaporação da água”.
Os impactos das altas temperaturas são alarmantes. O calor recorde registrado no Reino Unido em julho de 2022 resultou em milhares de mortes na Europa e perdas econômicas significativas. O IPCC reconhece que elementos verdes e azuis da infraestrutura urbana desempenham um papel crucial na redução das temperaturas nas cidades.
A pesquisa analisou mais de 27.000 artigos, destacando a eficácia de diversos tipos de infraestrutura verde-azul-cinza, incluindo parques, zonas húmidas, muros verdes e jardins botânicos.
Árvores e plantas reduzem o calor ao bloquear a luz solar direta e liberar umidade no ar. Corpos d’água resfriam o ambiente por meio da evaporação, enquanto telhados e paredes verdes ajudam a isolar edifícios e reduzem a absorção de calor.
Projetos arquitetônicos em todo o mundo estão incorporando vegetação em fachadas e áreas urbanas para promover o resfriamento local. Os pesquisadores enfatizam que a expansão da cobertura vegetal em solos, telhados e paredes é crucial para enfrentar os desafios climáticos urbanos.
No entanto, reconhecem que não há uma solução única e que cada intervenção requer um planejamento cuidadoso, levando em consideração o contexto local, recursos disponíveis e orçamento.
A professora Maria de Fátima Andrade, do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo, destaca a importância de investimentos em pesquisas direcionadas, ressaltando que não existe uma solução universal para enfrentar as mudanças climáticas.
O estudo, publicado na revista The Innovation, está disponível para acesso aberto, oferecendo insights valiosos sobre como as cidades podem se adaptar e mitigar os impactos das crescentes temperaturas globais.