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União Europeia reduz proteção dos lobos; medida gera polêmica e críticas de ambientalistas

União Europeia reduz proteção dos lobos; medida gera polêmica e críticas de ambientalistas
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Os Estados-membros da União Europeia (UE) aprovaram, em 25 de setembro, a redução do nível de proteção dos lobos, que passarão de espécie “estritamente protegida” para espécie “protegida”. A proposta foi aprovada com uma maioria qualificada, com o voto favorável de Portugal, enquanto apenas Espanha e Irlanda se opuseram à medida.

Essa mudança de status poderá facilitar o abate dos lobos, uma decisão que conta com o apoio de setores agrícolas que alegam prejuízos devido à presença dos animais. A ratificação da proposta está agendada para ocorrer em 26 de setembro, durante uma reunião do Conselho da UE. Após essa etapa, a decisão precisará ser aprovada pelo Secretariado da Convenção de Berna, que se dedica à conservação da vida selvagem e dos habitats naturais na Europa.

A decisão gerou uma onda de descontentamento entre organizações ambientais. A ANP/WWF de Portugal declarou que o dia era “triste para a natureza”, criticando a escolha da UE de permitir a caça ao lobo em vez de buscar soluções preventivas e investir em medidas de proteção. A organização Eurogroup For Animals também se manifestou, afirmando que, se a redução da proteção for adotada pela Convenção de Berna, isso poderá facilitar o abate de lobos e enviar uma mensagem negativa sobre o futuro da conservação e da convivência com animais selvagens.

Os impactos dessa medida são alarmantes, de acordo com a ANP/WWF. A organização destaca vários riscos que podem advir da redução da proteção dos lobos:

  1. Desequilíbrio nos ecossistemas: Os lobos desempenham um papel crucial no controle das populações de herbívoros, como veados e javalis. Sem a presença dos lobos, essas populações podem crescer descontroladamente, prejudicando a regeneração das florestas.
  2. Aumento de doenças: Os lobos são predadores naturais de presas vulneráveis e doentes, ajudando a evitar a propagação de doenças que podem afetar tanto outros animais quanto seres humanos.
  3. Conflitos com humanos: O aumento da caça ao lobo pode intensificar tensões entre os animais e as comunidades locais, já que a desestabilização das alcateias pode levar a mudanças no comportamento dos lobos.
  4. Prejuízos à agricultura e pecuária: A redução da proteção do lobo não garantirá a diminuição dos ataques a rebanhos. As soluções eficazes residem em medidas preventivas, não na caça.
  5. Aumento da caça ilegal: A diminuição da proteção legal pode encorajar práticas ilegais, dificultando ainda mais o controle populacional dos lobos.
  6. Perda de biodiversidade: Sem predadores, a saúde dos ecossistemas pode ser comprometida, resultando no desaparecimento de várias espécies de animais e plantas.
  7. Extinção da espécie: A decisão pode precipitar a extinção dos lobos em diversas regiões da Europa, revertendo décadas de esforços em conservação.

A ministra do Ambiente e Energia de Portugal, Maria da Graça Carvalho, embora tenha apoiado a proposta, reafirmou que o governo pretende manter a proteção do lobo-ibérico em território nacional. Em Portugal, estima-se que a população de lobos varia entre 200 a 400 indivíduos, correspondendo a aproximadamente 15% da população ibérica total.

A decisão da UE levanta questões sobre o equilíbrio entre interesses agrícolas e a preservação da biodiversidade, evidenciando a necessidade urgente de discutir soluções sustentáveis e efetivas para a convivência entre humanos e vida selvagem.

 

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Trajano Xavier

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