Vestígios de plástico foram encontrados em fezes de tartarugas-verdes
No início do mês, biólogos da Fundación Mundo Marino, na Argentina, encontraram duas tartarugas-verdes (espécie em extinção) presas em redes de pesca. As tartarugas necessitaram de passar um mês em reabilitação no centro após terem sido submetidas a avaliação e a tratamento de desintoxicação. De acordo com a Reuters, as tartarugas tiveram que ser submetidas a diversos exames ao sangue e raio x, de modo a avaliar as condições do sistema digestivo e dos pulmões.
Após essas análises realizadas, os animais foram devolvidos ao mar, na praia de San Clemente del Tuyú, em Buenos Aires (Argentina). Esta não é a primeira vez que tal se sucede e este problema tem sido alvo de investigação a nível internacional.
90% dos excrementos das tartarugas têm vestígios de plástico
Esta não é a primeira vez que tal se sucede, e há evidências em publicações em revistas de elevado fator de impacte que o patenteiam. Ao confundirem o plástico revestido em algas e microorganismos com medusas ou comida, acabam por se ver envolvidas em problemas para a sua sobrevivência.
Um estudo recente publicado na revista Marine Pollution Bulletin descobriu que mais de 90% dos excrementos de tartarugas marinhas analisados continham vestígios de plástico.
Os resultados mostraram que a maioria das amostras continham fragmentos de plástico, como sacos, fios e filme plástico. Algumas amostras continham curiosamente até 20 fragmentos de plástico diferentes. Os investigadores também descobriram que as tartarugas jovens tinham maiores chances de apresentar plástico nos seus excrementos do que as adultas, o que se revela muito preocupante.
Num estudo publicado na mesma revista, foi reportada uma máscara facial nas fezes de uma tartaruga verde jovem, capturada viva numa rede de pesca comercial na costa nordeste do Japão a 10 de agosto de 2021.
As evidências empíricas já não deixam dúvidas que as tartarugas marinhas estão a ser afetadas pelo excesso de plástico nos oceanos e a prova mais recente foi o que aconteceu no início do mês em Buenos Aires.
Entre os principais problemas associados, não se pode descurar que o plástico pode causar danos físicos às tartarugas, como obstrução intestinal, e também afetar o seu comportamento e a sua capacidade de se alimentar adequadamente.
O que pode ser feito para reduzir o plástico nos oceanos?
Os resultados destas investigações e as observações da Fundación Mundo Marino são preocupantes e enfatizam a necessidade de medidas para reduzir a quantidade de plástico nos oceanos e proteger as tartarugas e outras espécies marinhas. Isso inclui a implementação de políticas governamentais para reduzir o uso de plástico descartável, aumentar a reciclagem e a educação e sensibilização pública sobre a importância de reduzir a sua pegada de plástico.
Existem várias medidas que podem ser tomadas para reverter esta tendência de plástico nos oceanos, incluindo:
- a redução de plástico descartável, com taxas sobre sacos de plástico e proibições de itens de plástico de uso único.
- a reciclagem, com melhorias na infraestrutura de reciclagem e a consciencialização sobre a importância da reciclagem.
- a limpeza dos oceanos, com campanhas de limpeza de praias e oceanos para ajudar a remover o plástico já presente nos oceanos.
- a mudanças de paradigma na indústria, com menos uso de plástico e alternativas mais sustentáveis.
- a educação e sensibilização pública, com enfoque na importância de reduzir a pegada de plástico, contribuir para a mudança de comportamentos e consciencialização sobre a importância de preservar os oceanos.
Todas estas medidas são fundamentais, sendo de notar a importância que estas medidas têm em ser tomadas em conjunto para aumentar a eficácia. Só assim será possível reverter a tendência de plástico nos oceanos e proteger a vida marinha.
Por Tempo.pt