Vinhos ecológicos: conheça os tipos sustentáveis da “bebida dos deuses”
Por trazerem uma alternativa mais saudável, os vinhos “verdes” podem diminuir tanto a sua dor de cabeça quanto o peso na consciência
Vinho combina com o quê? Boa companhia, ambiente noturno, queijos… Mas tudo isso ficaria ainda mais especial se o vinho em questão não agredisse o meio ambiente no processo de produção e evitasse dores de cabeça.
Hoje, voltaram ao mercado vinhos feitos à moda antiga, sem agrotóxicos, fermentados em tanques de madeira e com o mínimo de maquinário possível.
Dentro dos vinhos fermentados orgânicos, enquadram-se três diferentes tipos: os orgânicos simples, os biodinâmicos e os naturais.
Conheça essas categorias mais saudáveis (vinhos ecológicos) e veja quais se adequam melhor ao seu gosto:
Orgânicos simples
Os vinhos orgânicos têm um sistema de produção de base ecológica, com o uso de boas práticas agrícolas para manutenção e melhoria da fertilidade do solo. Há o gerenciamento racional da vinha e a interação com a fauna e flora do ambiente em que a planta cresce. Na cultura orgânica, não são utilizados herbicidas, fungicidas ou pesticidas químicos para eliminar as pragas que prejudicam a uva. Adubos químicos e materiais sintéticos também passam longe dessa produção, já que são absorvidos pela raiz e podem contaminar a planta.
Os métodos biológicos e mecânicos são prioridade, propiciando equilíbrio e diversidade do ecossistema agrícola, com qualidade ambiental, bem-estar animal e saúde humana.
Esse tipo de cultivo exige um trabalho extremamente complexo dos produtores, mas os benefícios para o equilíbrio da natureza e para a saúde do consumidor final do vinho a longo prazo são muitos.
Se não usam pesticidas, como fazem para combater as pragas naturais? Simples: a plantação de gramas e flores, ao se misturar com as parreiras, atrai os insetos e ajudam a atacar os pequenos inimigos. O domínio das ervas indesejadas, composto pela própria natureza, é combatido pelos insetos e outros animais que vivem entre as plantações. Galinhas e patos ajudam na diminuição das pragas e cavalos podem ser utilizados para se ter um terreno aerado.
Biodinâmicos
Biodinâmicos são, basicamente, os orgânicos produzidos a partir de uma filosofia diferente, a antroposofia. Para o filósofo, artista e esoterista, Rudolf Steiner, idealizador da antroposofia, os seres humanos não estão na terra isolados do cosmos. Esses, como todos que habitam o planeta, sofrem influências das energias que os rodeia, recebendo e refletindo energias positivas ou negativas. Isso, aplicado nos vinhos, significa fazer uso das práticas antigas, além de levar em conta as fases da lua. É usado, portanto, o conceito de adubo como um renascimento da terra e não uma simples nutrição da mesma, como seria para os orgânicos.
Para que o alimento seja equilibrado e saudável, ele precisa vir de uma planta idem. A antroposofia, acredita que para uma planta, ou qualquer outro ser vivo, estar em perfeito equilíbrio, ele precisa estar integrado da maneira mais natural possível no sistema onde vive. Bom, e aí entra tudo: a lua, o sol, o universo e os 4 elementos( água, terra, fogo e ar).
O selo de certificação para produtos biodinâmicos mais conhecido é do Instituto Demeter. A Demeter estabelece o máximo de 70mg/L de sulfitos em vinhos tintos, 90mg/L em vinhos brancos ou rosés e cerca de 210mg/L em vinhos doces brancos.
Outro diferencial é a formulação de preparados exóticos que visam, além de tudo, harmonizar o solo. É usado esterco bovino fermentado dentro de um chifre de vaca, que é enterrado no inverno ou, se não, pode ser substituído por sílica misturada com água de chuva no chifre. Essa prática lembra procedimentos da homeopatia, pois, antes de ser enterrado, o conteúdo desses é diluído e energizado ou ativado por um processo de dinamização.
Os vinhos prezam pela mínima intervenção, com preparados biodinâmicos no lugar de tratamentos químicos, leveduras selvagens em vez das leveduras selecionadas, e baixíssimo nível de sulfitagem (adição de sulfito ao vinho como conservante).Pela mínima interferência do homem ou de aditivos sintéticos, os defensores da filosofia, alegam que esses vinhos são a expressão máxima do terroir de uma região.
Naturais
Os vinhos naturais não excluem a prática de alguma técnica orgânica ou biodinâmica, pois ele descarta totalmente o uso de químicos e quaisquer atividades tecnológicas. Sendo esse, portanto, o mais extremo de todos os “vinhos verdes”, é produzido sem maquinário nem controle de temperatura e com métodos bem ancestrais. São mais delicados e frágeis, o que demanda transporte cuidadoso e atenção com alterações bruscas de temperatura, além de controle da exposição à luz solar.
Não julgue pela aparência! Quanto menos transparente for o vinho, mais indica que não houve muita manipulação na bebida. Os vinhos são turvos por não passarem por filtragem ou clarificação. Os naturais e os biodinâmicos são os menos concentrados e alcoólicos e, com isso, exibem um maior frescor, aromas florais, de frutas frescas e da levedura. E, diferente dos outros “verdes”, esses vinhos não têm uma certificação, pois geralmente, os trabalhadores possuem um próprio estatuto das práticas dos vinhos naturais.
O cultivo das uvas é natural, e elas são muito pisadas. Quase todos os vinhos desses tipos não possuem adição de sulfito.
O paradoxo do vinho
O anidrido sulfuroso ou dióxido de enxofre (SO2) é o produto enológico mais usado na adega. Sua principal função é de antioxidante, desinfetante e fungicida, além de melhorar o aroma e afinar a cor. Esse elemento garantirá condições melhores para os processos de vinificação da bebida, elimina bactérias e as leveduras indesejáveis e mais frágeis, o que faz com que somente os melhores sobrevivam e lidem com o processo fermentativo que seguiria. Os sulfitos se formam a partir do contato do SO2 com a bebida.
Entretanto, para muitas pessoas, o sulfito é um inimigo para os bebedores de vinho. Pelo seu potencial tóxico, algumas pessoas podem sentir desconfortos, como dores de cabeça, nos consumos moderados. Para as mais sensíveis, como as que sofrem da asma, ele poderia causar reações alérgicas mais graves. Por isso, o ideal é que a presença dele seja a menor possível. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a concentração permitida de sulfitos nos vinhos, sem ser aqueles orgânicos ou biodinâmicos, é de 0,035 g por 100 ml.
O crescimento da oferta desses vinhos vem crescendo pelo mundo e seus métodos mais sustentáveis são tão atrativos que, hoje, é possível dizer que são uma tendência.
O vinho pode ser muito benéfico para a saúde, se consumido com moderação, de uma fonte confiável, de preferência orgânico e com o mínimo de aditivos químicos possível. A Loja eCycle possui em seu catálogo opções de rótulos orgânicos, confira aqui.