Ônibus de dois andares vira casa, galeria e café beneficente
Adaptar ônibus, caminhões e até ambulância para construir uma casa já é uma aventura e tanto. Algumas pessoas transformaram veículos em uma moradia menor, mas com mais liberdade e estão felizes com esta decisão. Mas Lorie Norton foi além. Este australiano transformou um ônibus de 2 andares em uma casa, uma galeria e em um café móvel – com os lucros revertidos para caridade.
O ônibus Leyland de dois andares é antigo, de 1949, mas ganhou uma nova vida. Nos últimos quatro anos, o veículo multifuncional já percorreu mais de 29 mil quilômetros e a viagem não tem previsão para acabar. “Estamos indo para a costa leste da Austrália e não sabemos onde vamos parar”, confidencia Lorie.
Ele nasceu em Finley, New South Wales, e estava trabalhando em linhas de alta tensão em 2004 quando viu o velho ônibus descartado em uma pedreira. Fascinado por sua descoberta, ele decidiu resgatar o ônibus e desvendar sua história.
“Ele rodou em Sydney até os anos 70”, disse Norton. Quando foi “descoberto”, o velho Leyland double-decker estava completamente abandonado, mas Lorie viu seu potencial. Ele pagou $ 950 pelo veículo e, para sua surpresa, ele pegou de primeira, apesar de não ser dirigido há 15 anos.
“Lembro que quando dei partida saiu uma fumaça preta. Dirigi para casa e comecei a gigantesca tarefa de reconstruir tudo”, conta. “Foi um projeto de restauração de três anos para a estrutura e 18 meses para montar o ônibus com madeira recuperada descartada em Melbourne.”
O veículo ganhou o apelido de Corazón (“coração” em espanhol). Foi totalmente reformado e hoje é a casa de Norton, além de abrigar uma galeria para suas obras de arte e, o mais importante, um café itinerante que arrecada fundos para várias instituições de caridade.
Café com solidariedade
Norton descreve seu empreendimento como uma iniciativa de economia de circuito fechado. As vendas do café garantem a continuidade do seu projeto, ajudam instituições sociais e a borra é aproveitada como matéria prima para suas obras de arte, que também financiam o café da galeria itinerante, geram fundos para caridade e pagam as despesas de Lorie.
O resíduo do café vira tinta e quadros, que são comprados pelos clientes. “É definitivamente uma escolha de estilo de vida”, disse ele. “O que eu ganho com a pintura feita com café é muito, mas financia a minha vida no ônibus. As pessoas que você conhece e os lugares que você descobre são o que fazem a viagem valer a pena.”
Apesar de não precisar de muito dinheiro para manter seu estilo de vida minimalista, o artista já arrecadou cerca de US$ 70 mil para a caridade – cerca de US$ 10 mil foi doado para a Muscular Dystrophy Australia e US$ 60 mil para Eli’s Gift, uma instituição de caridade que apoia famílias com crianças doentes.
Desacelerando
Viajar em um ônibus de 74 anos também requer uma dose extra de cuidado e paciência: a velocidade média gira em torno de 45 km/h já que o veículo foi projetado para rodar nas ruas de Sydney há décadas.
Na época, este modelo de ônibus podia transportar até 61 passageiros sentados e 12 pessoas em pé. Os arquivos do Sydney Bus Museum e o gerente de curadoria Bradley Jenkins disseram que os ônibus eram “icônicos” em sua época. Muitos ônibus semelhantes estão com colecionadores e alguns viraram literalmente peças de museu.
Este veículo especificamente teve um destino muito mais interessante, graças ao desprendimento e espírito aventureiro – e generoso – de seu novo motorista e morador.
Para saber mais sobre a rotina de Lorie no seu café e galeria itinerantes, o Twice as Nice Gallery Café, acesse twoasnice.com.au.
Por Ciclovivo
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