Parceria inovadora contra a poluição plástica
Rede global anunciada em Davos pretende reunir diversos programas de mais de 20 países em um único espaço para troca de conhecimento. A expectativa é contribuir para o desenvolvimento de um ambicioso Tratado Global sobre Plásticos
Três organizações internacionais que compartilham uma visão de economia circular para plásticos unirão forças para impulsionar a ação global sobre os plásticos por meio de uma maior troca de conhecimento. São elas a Parceria Global de Ação Plástica do Fórum Econômico Mundial (GPAP), a Iniciativa de Plásticos da Fundação Ellen MacArthur e a WRAP, organização não-governamental de ação climática.
As três organizações vão criar uma rede global para unir programas individuais em mais de 20 países sob um único espaço para troca de conhecimento. Elas têm executado iniciativas a nível nacional desde 2018, mas agora, ao trabalharem mais próximas, pretendem compartilhar aprendizados e melhores práticas regularmente, a fim de acelerar os esforços para solucionar a poluição causada pelo plástico.
O anúncio dessa grande parceria foi feito durante a Conferência de 2023 do Fórum Econômico Mundial em Davos, antes da aprovação do novo instrumento internacional juridicamente vinculante para acabar com a poluição por plástico. As negociações para o Tratado Global dos Plásticos, a ser firmado no âmbito das Nações Unidas, começaram em novembro de 2022. A expectativa é que, uma vez adotado em meados de 2025, o tratado crie uma demanda sem precedentes aos atores estratégicos da esfera pública e privada dos países para avaliar sua situação em relação ao plástico e projetar caminhos para lidar com a poluição.
A parceria permite que aqueles que estão tomando ações concretas tenham acesso às melhores práticas de todo o mundo. Isso inclui ação do setor privado para atingir metas de redução, reutilização e reciclagem, e para avaliar a linha de base nacional e ferramentas para modelagem de cenários – bem como o suporte para o desenvolvimento de planos de ação nacionais e roadmaps de financiamento.
Aqueles que tomam medidas reais para lidar com a poluição plástica poderão compartilhar informações e conhecimentos, abrangendo tanto ações comerciais quanto mudanças políticas, para acelerar seu trabalho em benefício de todos.
Atualmente existem 13Pactos do Plástico ao redor do mundo, sendo eles nacionais (Canadá, Chile, França, Quênia, Holanda, Polônia, Portugal, África do Sul, Reino Unido e Estados Unidos) e regionais (Europa e ANZPAC – Austrália, Nova Zelândia e Ilhas do Pacífico), assim como um novo Pacto em desenvolvimento na Colômbia. Além disso, existem Parcerias Nacionais de Ação Plástica (desenvolvidas pelo Fórum Econômico Mundial no âmbito do projeto GPAP) na Indonésia, Vietnã, Paquistão, Maharashtra (Índia), Nigéria, Gana, Equador, África do Sul e Cidade do México (México).
A rede de troca de conhecimento reúne as principais partes interessadas para implementar soluções para uma economia circular dos plásticos adaptada a cada geografia. Cada iniciativa reúne empresas, instituições governamentais e sociedade civil, ONGs e cidadãos para construir uma visão compartilhada com base nos seguintes princípios:
- Fornecer informações para o processo decisório com base em evidências robustas, métricas harmonizadas e melhores práticas.
- Garantir uma abordagem inclusiva que envolva perspectivas de toda a cadeia de valor do plástico, incluindo comunidades vulneráveis, como mulheres e trabalhadores do setor informal.
- Impulsionar a inovação e viabilizar soluções de financiamento para escalar a ação plástica.
- Transformar comportamentos que promovam novos modelos de consumo e produção.
Para eliminar a poluição plástica, a rede propõe soluções que eliminem embalagens plásticas desnecessárias e problemáticas; passem de uso único para reutilização; garantam que todas as embalagens plásticas sejam reutilizáveis, recicláveis ou compostáveis; aumentem a reutilização, coleta e reciclagem ou compostagem de embalagens plásticas; e aumentem o conteúdo reciclado em embalagens plásticas
As três organizações esperam que a rede se torne um catalisador para a ação, capaz de demonstrar como a transição acontecerá globalmente.
“Sabemos que as nações geralmente enfrentam os mesmos desafios, portanto, ao compartilhar aprendizados, podemos acelerar o progresso e fortalecer as ambições do Tratado Global com ação concreta nos territórios, em uma rede significativa e crescente de países”, diz Richard Swannell, CEO interino da WRAP. A organização ajudou a criar o primeiro Pacto dos Plásticos do mundo, juntamente com a Fundação Ellen MacArthur. Para Andrew Morlet, CEO da Fundação, a demonstração de mudança real na prática pode ser crítica para o desenvolvimento de um Tratado ambicioso.
Por Pagina 22