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Mariposas usam ‘arma’ ultrassônica para afastar predadores

Mariposas usam ‘arma’ ultrassônica para afastar predadores
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Os animais crepusculares ou notívagos, que despertam quando a maioria dos outros se preparam para fechar os olhos, desenvolveram, ao longo de muitos anos de evolução, capacidades que lhes permitem navegar a escuridão.

Os morcegos aprenderam a usar sistemas de ecolocalização para se orientarem e encontrarem presas. As mariposas, ou borboletas noturnas, que são presas dos morcegos, tiveram, também elas, de desenvolver adaptações que lhes permitam escapar aos predadores.

No caso das mariposas do género Yponomeuta, a estratégia passa por cliques ultrassónicos que baralham a ecolocalização dos morcegos e dão ao pequeno inseto voador uma hipótese de fuga.

Num artigo publicado na revista ‘PNAS’, uma equipa de investigadores da Universidade de Bristol (Reino Unido), que reuniu biólogos e engenheiros, revela que a ‘arma’ da mariposa é uma minúscula membrana estriada nas asas posteriores e é acionada pelo movimento das asas.

Nas suas asas posteriores, as mariposas do género Yponomeuta têm umas pequenas membranas estriadas (em foco na imagem) que ‘estalam’ com o bater das asas, produzindo cliques ultrassónicos que baralham a ecolocalização dos morcegos.
Foto: Hernaldo Mendoza Nava

Os autores dizem que as mariposas, por não terem órgão auditivos, não estão sequer cientes de que possuem essa defesa anti-morcegos, nem são capazes de controlar ativamente a ação da membrana.

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Assim, à medida que o inseto, em voo, vai batendo as asas, vai também produzindo cliques ultrassónicos para dificultar a predação dos morcegos, que são ampliados enquanto fazem vibrar outras estruturas das asas.

Hernaldo Mendoza Nava, primeiro autor do artigo, explica, em comunicado, que os ultrassons produzidos por essa membrana especial, e com apenas alguns milímetros de comprimento, se pudessem ser captados pelos nossos ouvidos humanos seriam o equivalente acústico de uma “conversa animada”.

Os cientistas dizem que esta descoberta aumenta o conhecimento sobre os ‘arsenais’ anti-morcego dos insetos, sobretudo das mariposas, que, outras investigações já o revelaram, têm ao seu dispor uma série de estratégias para evitarem serem comidas. Além dos cliques ultrassónicos, outras espécies e grupos podem usar sistemas acústicos que anulam a ecolocalização dos morcegos ou que os avisam de que comê-las seria uma má ideia.

 

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Trajano Xavier

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