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Startup baiana lança primeiro serviço de delivery de reciclados

Startup baiana lança primeiro serviço de delivery de reciclados
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A partir deste dia 8 de julho, a capital baiana ganha o primeiro serviço de delivery de pós-consumo. O Roda – delivery da reciclagem, projeto idealizado pela Solos, startup baiana focada em desenvolver soluções para reduzir o lixo das cidades, tem como objetivo tornar acessível e democrático o descarte de resíduos recicláveis.

De acordo com as fundadoras da startup, Saville Alves e Gabriela Tiemy, inicialmente a região beneficiada com o programa será o bairro do Rio Vermelho e terá como foco atender às demandas de residências e estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes.

A expectativa inicial é que o Roda seja contatado pelo WhatsApp – por meio do telefone (71) 9 8611-7004, assim o público poderá selecionar os itens que irá descartar e agendar a retirada que será feita por uma cooperativa de reciclagem contratada.

Para estar apto a participar do programa, o interessado deverá atender alguns critérios prioritários, como ter o endereço de retirada localizado no bairro do Rio Vermelho e proximidades. “Além disso, devem ser sinalizados resíduos que nós conseguimos reciclar: vidro, papel, papelão, metais, plásticos (mole, duro e pet), isopor, óleo de cozinha, eletrônicos e eletrodomésticos. Não aceitamos em hipótese alguma: lixo”, frisam.

Em relação à escolha da região, Saville Alves explica que o bairro consegue traduzir bem a complexidade de Salvador, misturando suas belezas, culturas e desigualdades. “Neste paradoxo, nascemos como uma plataforma para potencializar e amplificar o que é produzido aqui nos eixos de cultura, empreendedorismo e sustentabilidade. Então, como estamos ocupando esse território, queremos mostrar que “santo de casa pode fazer milagre sim”, destaca.

O programa, que é uma iniciativa da Casa MAR, com liderança da Solos, apoio MAP Brasil e Afroimpacto, será lançado no mês da Independência da Bahia, marco representativo de resistência do povo baiano e traz um paralelo com os desafios que as cooperativas têm enfrentado, sobretudo neste momento de pandemia.

“Com esse processo, nós podemos combater a precarização do trabalho destes atores, que, segundo a Associação Nacional de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (​Ancat), são responsáveis por 90% da coleta do que é reciclado no Brasil. E apesar disso, nem 1% da movimentação financeira da reciclagem está atrelada aos catadores”, alerta Gabriela Tiemy.

Em uma cidade tão desigual quanto Salvador, um projeto como esse significa dar novas perspectivas para quem trabalha diretamente com o que muitos chamam de lixo. “Queremos presentear a capital baiana com uma ação que mexe com noções de coletividade, cidadania, acesso a diretos fundamentais e geração de renda”, declara Saville.

Do ponto de vista ambiental, outro impacto que é considerado igualmente relevante por Gabriela Tiemy é que as cidades são responsáveis por 80% do consumo do País. Entretanto, a maioria dos produtos que é consumido vêm de áreas rurais. “Quando usamos recicláveis para produzir novos bens, estamos diminuindo a necessidade de extrair matéria virgem”, constata.

Visando o processo de atingir novos espaços, as sócias garantem que já se encontram em planejamento para a expansão do delivery de pós-consumo. “Assim é possível garantir uma cobertura ampla, incluindo bairros da periferia. Com os resultados destas entradas e as validações necessárias, estaremos prontos para escalar para outras cidades com perfis próximos, usando a mesma metodologia”, conclui Saville.

A escolha do bairro inicial foi uma tentativa de destacar a complexidade da cidade de belezas, culturas e desigualdades | Foto: Tayse Argôlo

Transformar a cadeia dos resíduos

O foco da Solos é mobilizar pessoas para transformar a cadeia dos resíduos em todo Brasil. A empresa faz isso através de operações que facilitem o descarte sustentável das embalagens pós-consumo e contam essas histórias com afeto para influenciar a mudança de comportamento e gerar impacto na vida das pessoas até das tartarugas marinhas.

A SOLOS foi fundada oficialmente no início de 2018, mas o trabalho da startup começou desde 2016, quando Saville Alves e Gabriela Tiemy desenvolveram um projeto e o submeteram para um edital de pré-aceleração de negócios de impacto (Triggers).

Das 500 iniciativas inscritas, a SOLOS foi a única do Norte/Nordeste selecionada e as duas tiveram que tomar a primeira grande decisão como sócias, mudaram para São Paulo onde, após 7 meses, foram finalistas do programa. “Essa experiência foi fundamental para modelarmos o nosso negócio e ampliarmos a nossa visão de mercado, através do apoio de nossos mentores, grandes empresários e executivos do país”, conta Saville.

As duas jovens empreendedoras reconhecem que o universo das startups ainda é majoritariamente masculino, mas reforçam a expectativa para a transformação do mercado “Embora o mundo dos negócios ainda seja intimidador para nós mulheres, vemos a crescente presença das mulheres, especialmente como pequenas empreendedoras, pois o empreendedorismo nos permite ter flexibilidade e ocupar espaços de tomada de decisão”, comenta Gabriela.

Um dos objetivos da iniciativa é combater a precarização do trabalho dos catadores | Foto: Tayse Argôlo

Fonte: Agencia Eco Nordeste

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Trajano Xavier

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