MapBiomas vê estabilidade vegetal “enganosa” na Mata Atlântica
Foto: Pixabay
Mapeamento de imagens de satélite mostram que um quarto da vegetação da Mata Atlântica está preservado, com um cenário de baixa cobertura vegetal em importantes bacias hidrográficas no bioma, responsável pelo atendimento, por exemplo, de grandes centros. O levantamento foi feito pelo MapBiomas e divulgado na quarta-feira (15/9). A região foi mapeada de acordo com os contornos determinados pela Lei da Mata Atlântica.
Segundo o estudo, a cobertura florestal no bioma passou caiu de 27,5% em 1985 para 25,8% em 2020. Outros 25% são ocupados por pastagens, 16,5% por mosaicos de agricultura e pastagem, 15% por agricultura e 10,5% por formações naturais.
Nos últimos 36 anos, aponta o levantamento, 12 estados perderam vegetação nativa. A Bahia liderou (com 9.642 km²), seguida por Rio Grande do Sul (6.899 km²), Santa Catarina (6.359 km²) e Paraná (com 3.744 km²).
O MapBiomas explica que a cobertura florestal se manteve estável nos últimos 30 anos, após um longo período de desmatamento. Mas essa estabilidade é considerada “enganosa” pelo pesquisadores, relacionada a uma situação de perdas de florestas mais maduras e regeneração de vegetações mais jovens. Essas perdas podem ser observadas, por exemplo, em florestas de araucária no Paraná.
“A aparente estabilidade da cobertura florestal da Mata Atlântica é enganosa porque existe uma diferença de qualidade entre uma mata madura, rica em biodiversidade e com carbono estocado, de uma área em recuperação”, alerta Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, em comunicado divulgado pela entidade.
Na avaliação dos pesquisadores, os dado acendem um sinal de alerta para uma urgente interrupção do desmate de áreas maduras na Mata Atlântica. Ao mesmo tempo, é preciso incentivar a manutenção das áreas recuperadas, como forma de garantir os serviços ecossistêmicos do bioma, onde vivem mais de 70% dos brasileiros, ressalta com o MapBiomas.
Preservação de APP
O levantamento do MapBiomas indica ainda, com base nas imagens de satélite, que há recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) em torno de rios, especialmente nos Estados de São Paulo e do Paraná. Nesses locais, áreas de pastagem foram substituídas por agricultura. Com essa substituição, o estabelecimento de APP’s nas margens dos cursos d’água foi respeitada, afirmam os pesquisadores.
Ainda assim, é considerada preocupante a situação de importantes bacias hidrográficas. Muitas têm baixa cobertura vegetal, o que afeta a disponibilidade de água.