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Parque de Monte Alegre é um dos patrimônios mundiais da WMF

Parque de Monte Alegre é um dos patrimônios mundiais da WMF
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O Parque Estadual de Monte Alegre, no Pará, foi escolhido como um dos 25 patrimônios mundiais a serem apoiados pelo programa “World Monuments Watch”, administrado pela World Monuments Fund (WMF). O anúncio aconteceu na tarde de terça-feira (01/03), em coletiva de imprensa realizada em Nova Iorque, Estados Unidos. A lista busca destacar espaços com valor patrimonial extraordinário e que enfrentam desafios urgentes.

A cada dois anos, a organização divulga uma nova lista. Dessa forma, apresenta às autoridades locais e internacionais novos patrimônios culturais que atualmente estão em risco devido a ameaças naturais e antrópicas (isto é, por intervenção humana). Os selecionados ficam em vigilância permanente, para garantir proteção e conservação para as futuras gerações.

O projeto destaca, ainda, a importância das comunidades locais no fomento às ações voltadas à preservação e conservação desses patrimônios históricos, em conjunto com instituições responsáveis pelos monumentos, organizações governamentais e outras entidades que trabalham para a manutenção das riquezas naturais e históricas.

A extensão verde da unidade de conservação. O Parque Estadual de Monte Alegre abriga 15 sítios arqueológicos, rios, florestas, montanhas e cavernas. Foto: Ideflor-bio
O Parque abriga 15 sítios arqueológicos, rios, florestas, montanhas e cavernas. Foto: Ideflor-bio

A seleção deste ano foi feita a partir de uma chamada que recebeu 227 inscrições. Entre os monumentos selecionados, estão as mesquitas e o cemitério Koagannu, nas Ilhas Maldivas; o parque arqueológico de Teotihuacan, no México; e o castelo Hurst Castle, na costa sul da Inglaterra. Único monumento brasileiro na lista, o Parque Estadual de Monte Alegre abriga o sítio arqueológico mais antigo da Amazônia sul-americana, com pinturas rupestres de aproximadamente 12 mil anos. Além disso, ele também é habitat natural de espécies de animais ameaçados de extinção, como a ave cacaué (Aratinga maculata).

O Fundo Mundial de Monumentos (WMF) é uma organização não governamental dedicada a catalogação e conservação do patrimônio cultural mundial. A organização tem sede em Nova York e escritórios no Camboja, na Índia, em Portugal, na Espanha, no Peru e no Reino Unido. Criada em 1965, desde então promoveu ações de catalogação e preservação do patrimônio em mais de 700 localidades em 112 países.

Reconhecimento

A avifauna do Parque de Monte Alegre. Entre galhos de um árvore, um par de Aratinga Maculata, espécie endêmica e ameaçada de extinção Foto: Ideflor-bio
A avifauna do Parque de Monte Alegre. Aratinga Maculata, espécie endêmica e ameaçada de extinção Foto: Ideflor-bio

A participação do Parque Estadual Monte Alegre resultou de estudos realizados pelas arqueólogas Edithe Pereira, do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), e Claide Morais, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em parceria com a plataforma Cipó.

Edithe Pereira ressalta que a World Monuments Fund é uma organização dedicada a proteger os lugares importantes da Terra. A nomeação do Parque é importante para o reconhecimento de sua importância arqueológica e de toda a região do município de Monte Alegre. “A nomeação vai ajudar imensamente o Parque, e também os pesquisadores que atuam na região, a angariar recursos para incrementar as pesquisas, potencializar trabalhos junto às comunidades que vivem no entorno do Parque, além de fomentar o turismo que já existe na região, dando qualidade aos conteúdos que são repassados pelos guias turísticos locais”, destaca a arqueóloga. Edithe é pesquisadora titular do MPEG, com experiência na área de Arqueologia, e ênfase em Arqueologia Pré-Histórica.

A gerente do Parque Estadual Monte Alegre e da Área de Proteção Ambiental Paytuna, Patrícia Messias, ressalta que o envolvimento da comunidade científica é fundamental. O trabalho de educação ambiental contribui para evitar pressões sobre o patrimônio arqueológico encontrado. “A parceria entre o Museu Emílio Goeldi e comunidade científica é fundamental para que o patrimônio possa ser preservado e compreendido quanto a sua importância histórica para gerações futuras. Dizer que o Parque está entre os 25 monumentos que precisam de atenção não significa que não está sendo preservado, e sim que precisa de um olhar atencioso para a Unidade de Conservação”, explica.

Sobre o Parque Estadual de Monte Alegre

Situado no oeste do Pará, a unidade de conservação tem 5.800 hectares e possui características únicas. Ali estão um complexo de serras em pleno cenário amazônico, cavernas e sítios arqueológicos. Há também enclaves de Cerrado e espécies ameaçadas de extinção.

A Serra da Lua é o sítio mais conhecido, com suas pinturas que se estendem por mais de 200 metros em um paredão de pedra na Serra do Ererê. Foto: Ideflor-bio
A Serra da Lua é o sítio mais conhecido, com suas pinturas que se estendem por mais de 200 metros em um paredão de pedra na Serra do Ererê. Foto: Ideflor-bio

Monte Alegre é um dos sítios de ocupação mais antiga das Américas. Lá estão localizados os exemplos mais numerosos e antigos de pinturas rupestres da Bacia Amazônica. Um dos locais mais importantes do parque é a Caverna da Pedra Pintada, com indícios de ocupação humana desde 12 mil anos atrás. No mesmo local, há registros de que outros habitantes, há cerca de 6 mil anos A. C., produziam cerâmicas que se acredita ser as mais antigas das Américas. Descobertas como esta contribuíram para desconstruir a visão histórica errada de uma Amazônia pouco habitada, cujas comunidades seriam incapazes de sofisticação cultural e tecnológica.

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Trajano Xavier

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