Nos EUA, flor está ameaçada por mineração de lítio para baterias
A flor Eriogonum tiehmii está ameaçada de extinção no único lugar em que existe no planeta: o estado de Nevada, nos Estados Unidos. O alerta foi confirmado pelo serviço de Pesca e Vida Selvagem norte-americano.
A planta silvestre ocorre em uma alta cordilheira desértica onde uma mina de lítio está planejada para atender à crescente demanda por baterias de carros elétricos, segundo a agência Associated Press (AP).
O serviço de Pesca e Vida Selvagem listou a flor sob a Lei de Espécies Ameaçadas. Em postagem no Facebook, a agência disse que a planta sofre com mudanças climáticas, mineração, desenvolvimento de estradas, pastoreio de gado, pequeno tamanho de sua população, pequenos roedores predadores e ainda com a competição com espécies de plantas invasoras não nativas.
As folhas da E. tiehmii, de acordo com a publicação, são cinza-azuladas e suas flores surgem de maio a junho com um tom amarelo pálido, ficando vermelhas com o passar do tempo.
Para ajudar em sua conservação, o serviço de Pesca e Vida Selvagem designou 368 hectares (3,68 km²) de habitat crítico em terras administradas pelo Bureau of Land Management em uma área no condado de Esmeralda.
A agência norte-americana disse que usou a melhor ciência disponível para designar o habitat crítico, que contém “características físicas e biológicas essenciais para a conservação desta espécie nativa de Nevada, incluindo áreas abertas com vegetação esparsa, solo adequado e habitat conectado o ano todo para polinizadores”.
“Estamos ansiosos para trabalhar com nossos parceiros neste esforço de conservação para proteger esta planta rara e seu habitat”, declarou Martha Williams, diretora do serviço norte-americano, em comunicado.
A flor de 15 centímetros de altura tem uma população remanescente estimada em cerca de 16 mil plantas. A looner, empresa australiana que planeja há anos cavar o habitat em busca de lítio, diz que desenvolveu um plano de proteção que permitiria a coexistência da mineração com os esforços de conservar a espécie.
Patrick Donnelly, diretor da Grande Bacia do Centro de Diversidade Biológica, que solicitou a listagem em 2019 e tomou ações legais para proteger a espécie, disse que o mais recente plano da empresa para a primeira fase da mina propõe evitar atuar em uma “pequena ilha de terra” contendo 75% da população da planta.
O Bureau of Land Management está revisando os impactos das últimas operações e planos de proteção da Ioneer. Mas Donnelley cita a estimativa do Serviço de Pesca e Vida Selvagem de que o cenário proposto “perturbaria e removeria até 38% do habitat crítico para esta espécie, impactando as populações de polinizadores, alterando a hidrologia, removendo o solo e arriscando subsidência”.
Os conservacionistas que entraram com processos para proteger a planta insistem que o plano da Ioneer não passará pela avaliação legal. Eles se comprometem a retomar a batalha judicial, se necessário, para proteger o habitat da espécie.