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Castores que seriam sacrificados recuperam rios no deserto

Castores que seriam sacrificados recuperam rios no deserto
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Foto: Emma Doden

Muitos estudos têm revelado os efeitos positivos que as represas construídas por castores trazem para o ambiente onde estes animais se instalam. E a pesquisadora Emma Doden confirmou que estes benefícios são realidade mesmo no calor escaldante do deserto de Moab, em Utah, Estados Unidos.

Procurando soluções para a seca e os incêndios florestais, a estudante da Universidade do Estado de Utah começou a realocar castores capturados em outras partes do estado para pequenos cursos de água que precisavam ser restaurados, ao redor dos rios Price e San Rafael.

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Foto: Emma Doden

Os resultados foram positivos e significaram uma segunda chance para os animais, que haviam invadido ambientes urbanos e seriam sacrificados após sua captura.

Emma vem trabalhando no rios Price e San Rafael, que atravessam algumas das áreas mais áridas do leste de Utah, e se especializou na restauração passiva de rios, método que não inclui a atuação direta do homem.

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Foto: Emma Doden

O deserto tem poucos períodos de chuva, que trazem água e vida ao ecossistema. O cenário em Utah foi agravado por décadas de poluição e uso da pouca água existente pelo agronegócio. Por isso, regenerar e proteger os pequenos e delicados cursos d’água no local é tão importante.

Para isso, a pesquisadora conta com a ajuda dos castores que constroem represas naturais em um ambiente tão árido. Além dos castores locais, outros foram introduzidos. “Acreditamos que o sistema poderia suportar muito mais castores e queríamos complementá-lo com castores capturados em outros locais”, explica.

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Foto: Emma Doden

A universidade onde Emma estuda mantém um programa para capturar castores problemáticos e realocá-los no deserto, onde construirão represas e geram impacto ambiental positivo.

Nas temporadas de construção de barragens de 2019, 2020 e 2021, Doden e sua equipe liberaram mais de 50 castores na área. Alguns animais se deslocaram por até 19 quilômetros rio abaixo para construir suas barragens.

“O OBJETIVO FINAL É FAZER COM QUE CONSTRUAM BARRAGENS QUE VÃO AUMENTAR A COMPLEXIDADE DO HABITAT E RESTAURAR A ÁGUA.”

Emma Doden

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Foto: Pixabay

Castores e sua engenharia

Emma Doden explica que existem poucos estudos sobre a construção de barragens e restauração de rios em ambientes desérticos. Mas se a pesquisa em outros biomas for alguma indicação, o projeto deve ser um sucesso.

Outros estudos foram realizados sobre a eficácia dos castores e suas represas na proteção de ambientes contra incêndios florestais e os cientistas afirmam que “as barragens de castores estão ganhando popularidade como uma estratégia de baixa tecnologia e baixo custo para construir resiliência climática”.

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Figura mostra danos causados por incêndios florestais em áreas onde não há castores (à esquerda) e onde os castores constroem suas represas (à direita). Fonte:Ecological Applications | Ecological Society of America

“Eles armazenam água que pode ser acessada pela vegetação ribeirinha durante os períodos de seca, protegendo efetivamente os ecossistemas ribeirinhos das secas”, revelou o estudo.

Outra pesquisa sobre os castores revelou que as lagoas criadas pelas represas podem armazenar e filtrar grandes quantidades de sedimentos e, em seguida, distribuí-los com mais segurança ao redor do ecossistema do rio.

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Imagem mostra área antes (2011) e depois (2016) da introdução de castores. Fonte: wileyonlinelibrary.com

Segundo os pesquisadores isso ocorre tanto em áreas preservadas, sem impactos ambientais causados pelo homem, quanto em regiões de intensa agricultura, o que mostra que, independentemente das condições de sedimentação, as barragens de castores podem ajudar a manter os cursos d’água mais limpos.

É importante lembrar que o escoamento de sedimentos da agricultura intensa pode comprometer rios e até mesmo ecossistemas oceânicos onde o sedimento reduz a luz, sufoca os corais e causa a proliferação de algas tóxicas.

Fonte: Ciclo Vivo

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Trajano Xavier

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