Território Secreto

sua fonte de notícias especiais

Ecossistema exuberante descoberto embaixo de plataforma de gelo antártico

Ecossistema exuberante descoberto embaixo de plataforma de gelo antártico
0Shares

Plataformas de gelo no Polo Sul são massas gigantes de gelo que flutuam sobre o oceano e podem ter centenas de metros de espessura. Por esse motivo mesmo, pouco se sabe sobre a vida que se desenvolve no oceano abaixo destas plataformas. Contrariando este paradigma, pesquisadores descobriram um ecossistema exuberante e incrivelmente diverso embaixo de uma destas plataformas.
De acordo com a pesquisa, publicada no periódico Current Biology, a equipe de pesquisadores fez dois buracos de quase 200 metros de profundidade na plataforma Ekström, no mar de Weddell. Essa coleta aconteceu ainda em 2018 com o auxílio de sistemas de propulsão de água quente para furar o gelo.
Incrivelmente, a pesquisa relata a presença de 77 espécies no leito oceânico completamente escuro e de temperaturas abaixo de 0°C. De acordo com os autores, tamanha diversidade é maior do que muitos ecossistemas de mar aberto. Além disso, o ecossistema exuberante tinha ao menos 49 gêneros distintos de Ectoprocta.
O curioso é que a maior parte dos invertebrados encontrados são conhecidos por filtrarem a água em busca de matéria orgânica, sobretudo do fitoplâncton (a parte fotossintetizante do plâncton). Contudo, não há luz ou qualquer evidência de algas e cianobactérias embaixo da plataforma Ekström. Ou seja, estes organismos devem ter uma fonte de alimento bastante diferenciada e ainda desconhecida, já que o mar aberto fica a quase 10 quilômetros de distância.

Este ecossistema exuberante pode existir há quase seis mil anos

(Foto: David Barnes)

Após coletar e identificar as espécies e amostras da água, a equipe de pesquisadores realizou a datação por carbono de fragmentos de animais invertebrados mortos no solo oceânico. Qual não foi a surpresa da equipe a descobrir que alguns dos fósseis estavam por lá há pelo menos 5.800 anos.
“Outra surpresa foi descobrir por quanto tempo a vida existiu lá. Datação por carbono de fragmentos mortos destes animais do leito oceânico variaram de atuais para 5.800 anos”, afirma o autor Gerhard Kuhn. Isso levanta ainda outro problema. Nestes 6.000 anos, alguns momentos especialmente frios provavelmente fizeram com que o gelo alcançasse o solo do oceano, o que teria eliminado o ecossistema exuberante e rico destes animais. Então como eles sobreviveram?

Acredita-se que algumas áreas isoladas tenham mantido condições minimamente plausíveis para a vida nestes períodos, e isso permitiu a sobrevivência da biodiversidade. Contudo, não há evidências fortes para reforçar essa hipótese. Pelo menos não ainda. Apesar das condições extremas, ainda, os autores ressaltam que o derretimento do gelo pelo aquecimento global podem ter efeitos devastadores sobre estes animais. “O habitat menos perturbado na Terra por ser o primeiro hábitat a ser extinto conforme as condições sob gelo da plataforma desaparecem devido ao aquecimento global”, alertam os autores.

Fonte: SoCientífica

0Shares

Trajano Xavier

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *