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Morro do Diabo protege a maior população de micos-leões-pretos na natureza

Morro do Diabo protege a maior população de micos-leões-pretos na natureza
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Com uma estimativa de 1,8 mil indivíduos na natureza, a região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo, abriga cerca de 60% da população de micos-leões-pretos (Leontopithecus chrysopygus) existente. O Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP), é onde se concentra o maior contingente da espécie, considerada uma das mais raras e mais ameaçadas entre os primatas.

A coordenadora do Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Gabriela Cabral Rezende, que a população do parque é a única considerada viável a longo prazo e não tem risco de extinção em um período de, pelo menos, 100 anos.

“O Parque Estadual do Morro do Diabo é como se fosse uma arca para preservar esse animal, para manter esse animal e essa espécie viva na natureza. Além desse parque, que é de grande importância para a conservação da espécie, a gente tem mais alguns fragmentos com pequenas populações, que são populações que variam entre 20 até mais ou menos 50 indivíduos. São populações pequenas que têm um risco maior de se extinguir se a gente não fizer nenhum tipo de ação para conservá-las”, esclareceu Gabriela.

Conforme o IPÊ, o mico-leão-preto é uma das espécies de primatas mais raras e ameaçadas do mundo e chegou a ser considerada extinta por cerca de 70 anos. Só foi redescoberta, em 1970, na região do Pontal do Paranapanema. A coordenadora do programa de conservação explicou  que a população de micos-leçoes-pretos no Parque Estadual do Morro do Diabo “não tem risco de desaparecer completamente”, porém, fez um alerta.

“A gente não pode pensar que, para conservar uma espécie, a gente tem que manter uma única população. Na verdade, a gente tem que ter várias populações dentro dessa área, que a gente fala que é Área de Distribuição da Espécie, área onde a espécie é nativa, para que, caso aconteça alguma coisa com uma população, a espécie como um todo não desapareça”, afirmou a pesquisadora.

“O Parque Estadual do Morro do Diabo é como se fosse uma arca para preservar esse animal, para manter esse animal e essa espécie viva na natureza. Além desse parque, que é de grande importância para a conservação da espécie, a gente tem mais alguns fragmentos com pequenas populações, que são populações que variam entre 20 até mais ou menos 50 indivíduos. São populações pequenas que têm um risco maior de se extinguir se a gente não fizer nenhum tipo de ação para conservá-las”, esclareceu Gabriela.

Gabriela Cabral Rezende, pesquisadora que atua no Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto — Foto: Katie Garrett

Gabriela Cabral Rezende, pesquisadora que atua no Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto — Foto: Katie Garrett

Preservação

O Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto, realizado pelo IPÊ, utiliza a pesquisa científica para entender quais os riscos e necessidades da espécie e como trabalhar em ações de conscientização.

“Atualmente, a gente trabalha muito em tentar entender como esse animal utiliza o espaço onde ele vive, quais são os recursos que ele precisa para viver naquele espaço, como esses recursos estão distribuídos na área em que ele vive e como a gente pode, por exemplo, trabalhar para restaurar esse ambiente, restaurar esse hábitat, de modo que a gente aumente a qualidade desse ambiente para esse animal viver. Aumentar a qualidade significa ter mais desse recurso disponível”, afirmou Gabriela .

Além disso, a pesquisadora também relatou que a espécie tem um papel importante no controle de insetos e na dispersão de sementes na floresta. “O mico-leão-preto é um animal que se alimenta, principalmente, de frutas e de insetos. Então, relacionando a isso, a gente tem os principais papéis dele no ambiente em que ele vive. Ele ajuda a controlar essa população de insetos na floresta e atua como um importante dispersor de sementes”, reforçou a coordenadora do programa de conservação.

Conforme a pesquisadora, após a ingestão e a passagem pelo trato digestivo do animal, a semente tem maior chance de germinação. “Após a passagem pelo trato digestivo, essa semente tem maior chance de germinação. É como se ele tratasse a semente para que ela germinasse melhor. Como ele é um animal que se movimenta bastante dentro dessa área de floresta, ele dispersa essas sementes para longas distâncias. Ele ajuda na manutenção da floresta”, ressaltou Gabriela .

Maior população de micos-leões-pretos na natureza está no Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Gabriela Cabral Rezende

Maior população de micos-leões-pretos na natureza está no Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Gabriela Cabral Rezende

A coordenadora do programa de conservação também afirmou que a principal ameaça ao mico-leão-preto é a redução do hábitat, pois ele vive no alto das árvores, tem dificuldades para se locomover no solo e depende do ambiente florestal.

“O fato de o interior do Estado de São Paulo, que é onde essa espécie ocorre, ter passado por um longo processo de desmatamento e de criação de fragmentos florestais isolados acabou se tornando a principal ameaça para essa espécie, porque a gente tem a espécie presente em fragmentos de floresta isolados sem nenhuma conectividade, que faz com que as populações tenham reduzido em tamanho e sofram uma grande probabilidade de desaparecer, se nenhum tipo de ação for feito”, disse a pesquisadora.

Alguns grupos de micos-leões-pretos são monitorados na natureza e uma nova metodologia começou a ser utilizada com gravadores na floresta.

“Algumas populações a gente consegue observar como está a situação, mas algumas populações são um pouco mais complexas, porque é um trabalho que demanda muita pesquisa e muito trabalho de campo. A gente desenvolveu agora uma metodologia que utiliza gravadores remotos. Como o mico-leão-preto é um animal que vocaliza, que emite som, a gente consegue a partir dessas gravações entender qual é a situação da população. A gente desenvolveu o que estou chamando hoje de ‘Protocolo de Avaliação Rápida da População’, que é justamente a gente usar esses gravadores, fazer esse monitoramento para entender qual é a situação daquela população”, explicou Gabriela .

Maior população de micos-leões-pretos na natureza está no Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Gabriela Cabral Rezende

Maior população de micos-leões-pretos na natureza está no Parque Estadual do Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP) — Foto: Gabriela Cabral Rezende

Atividades de conscientização

O IPÊ realiza, entre os dias 26 de fevereiro e 3 de março, a Semana do Mico-Leão-Preto com uma série de atividades no Parque Estadual do Morro do Diabo com a participação de mais de 100 alunos, em especial para a rede pública de ensino, em Teodoro Sampaio.

Entre as atividades, está a contação de histórias, intitulada “Causos da Floresta: Caminhos Trilhados nos 40 Anos da Conservação do Mico-Leão-Preto”, pelo personagem Sebastião dos Santos. “Tião”, como é conhecido, é um agricultor nascido e criado no Pontal do Paranapanema e irá contar sobre as mudanças que presenciou na região ao longo dos seus 76 anos de vida.

As atividades celebram o Dia Nacional do Mico-Leão-Preto, que foi instituído em 2018 e é comemorado no dia 29 de fevereiro, em anos bissextos, ou no dia 28 de fevereiro, nos demais anos.

Confira a programação completa abaixo:

  • Segunda-feira (26): a visita de alunos da Escola Estadual Salvador Moreno Munhoz ao Parque Estadual do Morro do Diabo com contação de histórias com Sebastião dos Santos, percurso da Trilha do Mico-Leão-Preto, além de participar de outras atividades;
  • Terça-feira (27): visita dos alunos da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Teodoro Sampaio ao Parque Estadual do Morro do Diabo com contação de histórias e percurso da Trilha da Lagoa Verde;
  • Quarta e quinta-feira (28 e 29): visita dos alunos do sexto ao nono anos da Escola Estadual Arthur Ribeiro e do Colégio Novo Millenium, respectivamente. Eles irão participar da programação com a contação de histórias, Trilha do Mico-leão-Preto, entre outras atividades;
  • Sexta-feira (1°): visita dos beneficiários da terceira idade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e alunos de capoterapia, que irão participar de aula de capoeira e realizar o plantio simbólico de mudas da Mata Atlântica;
  • Domingo (3): conclusão da Semana do Mico-Leão-Preto com a contação de histórias na Praça Antônio Evangelista da Silva, a Praça da Prefeitura, a partir das 9h. Além disso, o IPÊ irá realizar a doação de mudas de árvores nativas da Mata Atlântica no local, a partir das 10h.

 

Gabriela Cabral Rezende, pesquisadora que atua no Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto — Foto: Leonardo Silva

Gabriela Cabral Rezende, pesquisadora que atua no Programa de Conservação do Mico-Leão-Preto — Foto: Leonardo Silva

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Trajano Xavier

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