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Formigas saúvas surgiram há 8,5 milhões de anos, indica estudo

Formigas saúvas surgiram há 8,5 milhões de anos, indica estudo
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Estudo aponta que a origem das saúvas foi em algum ponto da chamada Mesoamérica, região que atualmente abrange do sul do México ao noroeste da Colômbia, na Amazônia Internacional

Um estudo publicado na revista Systematic Entomology, conduzido por pesquisadores do Brasil, da Argentina e dos Estados Unidos, indica que a origem das formigas saúvas se deu cerca de 8,5 milhões de anos atrás em algum ponto da chamada Mesoamérica, região que atualmente abrange do sul do México ao noroeste da Colômbia, na Amazônia Internacional.
Na sequência, esses insetos teriam se espalhado pela América do Sul, principalmente a partir do Cerrado. Ainda segundo o estudo, uma explosão de novas espécies pode ter ocorrido entre um e três milhões de anos atrás, justamente quando o Cerrado se expandia.

“A expansão do Cerrado brasileiro aparentemente favoreceu as saúvas, pois propiciou maior diversidade de alimento e ambientes mais abertos, aos quais elas se adaptaram muito bem. As saúvas foram se especializando nesses diferentes hábitats e gerando novas espécies”, explica Corina Barrera, primeira autora do estudo, realizado durante seu doutorado no Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista (IB-Unesp), em Rio Claro (SP).

Para realizar o trabalho, os pesquisadores coletaram amostras de 865 colônias de saúvas, em 19 países e em 25 dos 26 Estados brasileiros. Foram selecionados 224 espécimes para extração de DNA, de onde foram recuperados 2.340 dos chamados “elementos ultraconservados”, regiões do código genético idênticas em mais de um organismo. A comparação desses elementos é uma ferramenta conhecida por determinar relações evolutivas com bastante precisão.

 

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As saúvas são consideradas pelo ponto de vista humano como as pragas agrícolas, esses insetos têm praticado a agricultura desde antes do surgimento do homem na Terra. Enquanto a maioria das formigas é caçadora-coletora, matando presas ou comendo o que encontram pelo caminho, as saúvas fazem parte de uma subtribo, chamada Attina, que entre 50 milhões e 60 milhões de anos atrás passou a produzir o próprio alimento.

“Os inventores da agricultura são as formigas e alguns grupos de cupins e besouros. São insetos que começaram a se alimentar de fungos e evoluíram para cultivá-los dentro dos seus ninhos, em cima de algum substrato. No caso das formigas-cortadeiras, folhas e outros restos de plantas. Com isso, possuem uma fonte de alimento que dura todas as estações do ano e conseguem uma certa segurança alimentar”, define Maurício Bacci Júnior, professor ligado ao Centro de Estudos de Insetos Sociais (Ceis) do IB-Unesp.

Segundo o coordenador do estudo, em um cenário de fim do bioma Cerrado, as saúvas podem passar por um novo processo de retração.

“Se o Cerrado acabar, talvez elas passem por uma nova retração em termos de biodiversidade, como outras que ocorreram no passado. Pode ser que isso já esteja acontecendo com a introdução da agricultura extensiva na região. Não medimos ainda a magnitude desse fenômeno. Sabemos que existe uma grande explosão populacional de saúvas, porém com baixa diversidade biológica, causada pela expansão da agricultura. As poucas espécies que se beneficiam de culturas como soja e cana-de-açúcar, por exemplo, se tornam pragas. Por sua vez, espécies florestais, que não se adaptam às lavouras, podem sofrer uma grande extinção”, explica Bacci Júnior.

Mapa dos locais de coleta amostrados para espécimes de Atta utilizados nas análises filogenéticas (Foto: Reprodução/Artigo)

O pesquisador atualmente realiza um mapeamento dos genes presentes nas saúvas, com o objetivo de encontrar características (assinaturas genéticas) que possam tê-las tornado bem-sucedidas ou em vias de extinção. Além de entender melhor a seleção natural ocorrida no grupo, o trabalho pode abrir caminho para o desenvolvimento de formicidas mais direcionados, que atinjam apenas os genes dessas espécies danosas e em expansão, e não os de outras formigas inofensivas, além de peixes, aves e mamíferos.

Fonte: Portal Amazônia

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Trajano Xavier

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