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Fiel a duas fêmeas, rã brasileira é primeiro anfíbio visto em “harém”

Fiel a duas fêmeas, rã brasileira é primeiro anfíbio visto em “harém”
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Espécie ‘Thoropa taophora’ é endêmica da Serra do Mar e do litoral de São Paulo. Para especialistas, escassez de criadouros resultou na “fidelidade” dos animais

O anfíbio Thoropa taophora, endêmico da Serra do Mar e do litoral de São Paulo, se tornou o primeiro anfíbio a ser observado vivendo em um harém, sistema no qual o macho acasala com duas fêmeas que permanecem fiéis a ele. A descoberta, feita por pesquisadores brasileiros, foi publicada na quarta-feira (12) no periódico Science Advances.
A chamada poliginia é considerada o sistema de acasalamento mais comum entre os animais e já havia sido encontrada em peixes ósseos, répteis, mamíferos, aves e até mesmo alguns invertebrados. Com a descoberta da prática em anfíbios, os cientistas provaram que a poliginia existe em todas as categorias de tetrápodes (animais que possuem quatro membros).

Os sistemas de acasalamento animal podem ser monogâmicos ou poligâmicos. Embora a segunda opção demande mais energia, ela está associada a espécies consideradas mais “complexas”. Segundo os pesquisadores, a poliginia tende a ocorrer quando os machos são forçados a competir entre si pelas fêmeas e por recursos ambientais irregulares, como água e comida.
Tendo isso em mente, os cientistas resolveram observar os anfíbios em afloramentos rochosos na orla da floresta tropical, onde há relativamente poucos criadouros de água doce ou “infiltrações” disponíveis para os animais se reproduzirem. Funcionou. A equipe descobriu que os machos daquela região cruzavam com apenas duas fêmeas, majoritariamente com uma dominante e uma “secundária”.

Macho cuidando dos ovos em Ubatuba, litoral de São Paulo (Foto: Célio Haddad)

Como explicam no artigo, os machos “patrulham” seus locais de reprodução e emitem gritos agressivos para afastar os intrusos, permanecendo perto de seus ovos e girinos para protegê-los. Quando outros invasores do sexo masculino ignoram seus avisos, eles atacam e entram em um combate agressivo para proteger a prole.
De acordo com os estudiosos, as fêmeas dominantes tentam induzir o acasalamento respondendo aos chamados de namoro dos machos com suas próprias vocalizações. Então, se posicionam sob eles e acasalam, enquanto a outra fêmea permanece imóvel ali por perto.

 

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Outro comportamento observado foi a canibalização dos ovos por parte das fêmeas como método reprodutivo. Embora eles tentassem detê-las, em alguns episódios, se a fêmea fosse dominante, o ato acabava levando ao acasalamento.
O material genético dos criadouros também foi analisado e confirmou que todos os girinos eram meio-irmãos, filho do mesmo pai e de uma das duas fêmeas. Além disso, a presença de girinos mais velhos no local confirmou que os mesmos animais já haviam acasalado anteriormente.
A poliginia é vantajosa para ambos os sexos. Para os machos, evita que concorrentes usem seus criadouros e contribui para diversificar o genética da prole. “A vantagem para a fêmea é que é melhor ter um macho de boa qualidade e um criadouro de boa qualidade, compartilhando-o com outra fêmea, do que ficar exposta e não encontrar outro parceiro ou encontrar um de qualidade inferior”, disse Fabio de Sá, zoólogo da Universidade Estadual de Campinas, em entrevista à AFP.

Fonte: Revista Galileu

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Trajano Xavier

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